Autor Data 15 de Julho de 2007 Secção Publicação O Almeirinense |
VAMPIROS DE PRATA Jartur “Vampiros
de Prata” era o nome da heróica esquadrilha que se
exibia naquelas manobras militares, efectuadas numa
extensa região montanhosa… Durante a manhã, no decurso dos exercícios,
os aparelhos supersónicos sulcaram o céu em todas as direcções,
desenhando, a velocidades incríveis, as mais arriscadas acrobacias. Incapazes de dar valor às suas próprias
vidas, os pilotos lamentaram sinceramente a morte do sargento Barradas, cuja
causa foi atribuída à temeridade dos jovens aviadores. O corpo caíra da alta pedreira, quase
verticalmente, parcialmente despedaçado, junto à base da elevação de onde se
despenhara. Como
é costume fazer-se nestes casos, foi aberto um inquérito para tentar apurar
as causas do sucedido. Com os depoimentos das testemunhas oculares,
elaborou-se o respectivo processo, de modo a
encontrar-se a quem (ou a que) atribuir as responsabilidades do acidente. O
cabo Félix, única pessoa que no momento do desastre se encontrava próximo do
sargento Barradas, afirmara aos inquiridores: –
Nós estávamos a planear o itinerário para o exercício da tarde, quando ouvi o
ruído dos jactos. Voltei-me imediatamente e, ao
aperceber-me de que eles vinham na nossa direcção,
no máximo da velocidade e a pequena altura, atirei-me ao solo, gritando ao sargento
que fizesse o mesmo. Ele, porém, não deve ter ouvido a minha advertência e…
foi projectado no abismo... Por
sua vez, o major J. Ramos, comandante da esquadrilha, declarara: –
Efectivamente, nós picámos várias vezes, na
velocidade máxima, sobre o sítio da pedreira, mas retomávamos altura sempre
no momento conveniente, de modo a não fazer perigar a nossa própria vida ou a
de qualquer pessoa que se encontrasse no solo. É muito estranho, pois, que o
militar possa ter sido projectado pelo sopro de
algum dos nossos aparelhos… Quinze dias depois, em Tribunal Militar, foi
o caso dado por encerrado, tendo-se concluído que…
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© DANIEL FALCÃO |
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