Autor

Jartur

 

Data

29 de Abril de 2022

 

Secção

Correio Policial [552]

 

Publicação

Correio do Ribatejo

 

 

Solução de:

O TÁXI MISTERIOSO

Jartur

 

É evidente a falsidade da história contada pelo negociante de joias.

Vejamos algumas das suas mais flagrantes “gafes”:

– Disse que “O motorista saiu e, contornando o táxi, veio abrir a porta do meu lado, inclinando para a frente o encosto do banco anterior que me impedia a saída” – o que constitui uma rotunda falsidade porquanto não existem táxis só com duas portas, em que tal procedimento fosse necessário.

– “Caindo uma chuva leve mas persistente”, que cerca de hora e meia depois quando o detective saiu para o “café”, “ainda se mantinha”, como podia o “assaltado”, depois de ter estado inanimado, no chão, cerca de uma hora, apresentar-se em casa daquele “impecável no seu fato azul”, sem vestígios na cabeça da “forte pancada”, e ainda, também sem vestígios de chuva na pasta castanha – que colocou, fechada, sobre os joelhos?

– Mais: não seria mais normal o presumível ladrão tê-la levado com as joias, em vez de a esvaziar destas? E que dizer do seu declarado cuidado em pegá-la com o lenço, para preservar a possível existência de impressões digitais, quando não teve esse cuidado, ao pô-la sobre os joelhos, em casa do detective?

– E, estando em frente da casa do amigo, faria sentido que a ele não tivesse recorrido, optando por andar a pé umas centenas de metros até apanhar outro táxi?

– Como normal também não seria que dispusesse, logo ali, do endereço do detective, a quem se dirigiu após o fantasioso assalto.

© DANIEL FALCÃO