Autor Data 1 de Julho de 2008 Secção Publicação O Almeirinense |
O CASO DO MÚSICO Jartur Mamede Marcos
pisou o pedal e, com uma breve travagem, o “Ford” foi imobilizar-se junto à
porta do hotel, onde o gerente aguardava a sua chegada. Enquanto se dirigiam
para o quarto do morto, Marcos foi informado do seguinte: a)
O homem que pusera termo à existência chamava-se Galvão e estava hospedado
ali havia perto de oito meses; b)
Era a principal figura de uma orquestra famosa, sendo também no mundo o único
trompetista canhoto; c)
Não só para tocar, como para qualquer outro serviço, o Galvão utilizava sempre
a mão esquerda; d)
O criado ia chamá-lo ao quarto todas as noites, cerca das 10, hora a que ele
devia ir para o clube onde a sua orquestra se exibia há já bastante tempo. A
porta do ascensor abriu-se e Marcos, saiu na companhia do gerente do “Ritz”,
dirigindo-se logo para o quarto que lhe foi indicado por aquele.
Imobilizaram-se junto da entrada, no meio da criadagem e hóspedes (que,
curiosamente, espreitavam o interior do aposento) e entraram, precedendo o
criado que descobrira o corpo. O
olhar perspicaz de Marcos vagueou pelo compartimento, fixando-se na vasta
secretária, sobre o tampo da qual estava tombado o corpo. A mão direita do
homem estava crispada num dos lados do pequeno cofre, vazio, e a outra
segurava uma automática, à qual faltava um projéctil. O
corpo apresentava, na manga esquerda, junto dos botões de punho, um pequeno
orifício que Marcos verificou ter sido feito por bala. Marcos
ergueu o corpo e viu, no peito e no mata-borrão que cobria a mesa, uma mancha
de sangue já coagulado, que alastrara. Nos
bolsos, o detective encontrou vários documentos,
que facilitaram uma rápida identificação; e também a licença de porte de arma
(aquela que se supunha ter utilizado). Interrogado
o criado, o investigador soube que, às dez horas, como habitualmente, aquele
tinha ido chamar o hóspede músico. Não obtendo resposta, resolveu entrar,
tendo, então, deparado com o triste cenário. Horrorizado,
correra a chamar o gerente, que imediatamente pedira a comparência das
autoridades. Quando
Marcos perguntou ao criado se não teria entrado no quarto alguém que tivesse
interesse na morte do homem, ele respondeu ser isso impossível, dado que se
mantivera sempre no corredor a ler o jornal, após lhe ter servido o jantar. Marcos
algemou um dos presentes, dizendo-lhe: –
Meu caro: o crime jamais compensará quem o pratica! Creia! Pergunta-se:
Em que se baseou Marcos para deter um dos homens? E qual foi?
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© DANIEL FALCÃO |
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