Autor

Jartur Mamede

 

Data

1 de Agosto de 2008

 

Secção

Mundo dos Passatempos [59]

 

Publicação

O Almeirinense

 

 

O TÁXI MISTERIOSO

Jartur Mamede

 

Marcos Dias passavam vagarosamente as páginas da “Flama”, interessado com a originalidade das fotos ali reproduzidas e absorvido pela leitura do texto.

Lá fora, uma chuva leve mas persistente caía, tirando às pessoas a vontade de sair. Por isso, naquela noite, o detective não trocou a tranquilidade do seu cómodo gabinete pelo habitual passeio nocturno nas ruas da cidade.

Seriam talvez vinte e três horas quando a leitura de Marcos foi interrompida pelo retinir da campainha eléctrica que alguém fizera soar, premindo o seu botão, na entrada principal do edifício.

O investigador foi abrir e deparou com um homem forte, impecável no seu fato azul e com os esbranquiçados cabelos em desalinho. Algumas rugas lhe sombreavam as faces, dando a impressão de já ter mais de meio século de vida.

Aquele homem procurava os serviços do detective e este convidou-o a entrar, oferecendo-lhe a comodidade de um maple e o reconforto duma deliciosa bebida.

Poisando a pasta de cabedal castanha, fechada sobre os joelhos, o homem apresentou a sua identificação e contou o sucedido.

“Sou Mário Barata, negociante de jóias. Saí de casa esta noite, às nove e trinta, para visitar um cliente muito meu amigo. Meti-me no primeiro táxi que apareceu livre e, durante a corrida, caí na asneira de confidenciar ao motorista que na pasta levava grande valor em jóias raras.”

“Quando o carro parou, junto ao portão do jardim fronteiro à casa do meu amigo, num dos arredores pouco movimentados da cidade, o motorista saiu e, contornando o carro, veio abrir a porta do meu lado, inclinando para a frente o encosto do banco anterior que me impedia a saída.”

“Estava eu já com meio corpo fora do carro, quando uma forte pancada, seguida de dor aguda, me abalou a cabeça, provocando a minha queda.”

 “Quando recuperei os sentidos, talvez uma hora depois, verifiquei que a meu lado estava a pasta, caída, e dela haviam desaparecido as jóias que contivera. Levantei-me a custo e, agarrando a pasta com o lenço para que as minhas não fizessem desaparecer quaisquer outras impressões digitais, que por sorte lá estivessem, dirigi-me para aqui, sem me preocupar com a visita que prometi fazer ao meu amigo César Pelim. Tinha andado poucas centenas de metros, quando passou um novo táxi que eu ocupei, indicando ao motorista esta sua morada.

 As jóias que me foram roubadas valiam, como já disse, enorme fortuna. Peço, por isso, que, se o senhor não puder encontrar o ladrão, consiga ao menos provar o roubo, para que a companhia seguradora não me negue o dinheiro do seguro”.

Marcos Dias ouvira estas declarações, sem deixar de olhar furtivamente as revistas que deixara de lado, para mais atenciosamente atender o seu consulente. Foi tanta a sua atenção que, momentos depois, havia solucionado o caso! E tão a seu contento que logo telefonou à Polícia Judiciária…

Terminado o caso, e já sem ligar à chuva miudinha que continuava a cair, o detective resolveu dar uma saltada até ao CLUBE DO ARANHIÇO para contar o caso aos seus amigos, que em seguida não regatearam as felicitações a ele devidas por mais um triunfo na luta contra o crime.

 

Pergunta-se: Qual teria sido a solução que o detective expôs aos seus amigos?

 

 SOLUÇÃO (não publicada)

© DANIEL FALCÃO