Autor Data 1 de Agosto de 2008 Secção Publicação O Almeirinense |
O TÁXI MISTERIOSO Jartur Mamede Marcos
Dias passavam vagarosamente as páginas da “Flama”, interessado com a
originalidade das fotos ali reproduzidas e absorvido pela leitura do texto. Lá
fora, uma chuva leve mas persistente caía, tirando às pessoas a vontade de
sair. Por isso, naquela noite, o detective não
trocou a tranquilidade do seu cómodo gabinete pelo habitual passeio nocturno nas ruas da cidade. Seriam
talvez vinte e três horas quando a leitura de Marcos foi interrompida pelo
retinir da campainha eléctrica que alguém fizera
soar, premindo o seu botão, na entrada principal do edifício. O
investigador foi abrir e deparou com um homem forte, impecável no seu fato
azul e com os esbranquiçados cabelos em desalinho. Algumas rugas lhe
sombreavam as faces, dando a impressão de já ter mais de meio século de vida. Aquele
homem procurava os serviços do detective e este
convidou-o a entrar, oferecendo-lhe a comodidade de um maple
e o reconforto duma deliciosa bebida. Poisando
a pasta de cabedal castanha, fechada sobre os joelhos, o homem apresentou a
sua identificação e contou o sucedido. “Sou
Mário Barata, negociante de jóias. Saí de casa esta
noite, às nove e trinta, para visitar um cliente muito meu amigo. Meti-me no
primeiro táxi que apareceu livre e, durante a corrida, caí na asneira de
confidenciar ao motorista que na pasta levava grande valor em jóias raras.” “Quando
o carro parou, junto ao portão do jardim fronteiro à casa do meu amigo, num
dos arredores pouco movimentados da cidade, o motorista saiu e, contornando o
carro, veio abrir a porta do meu lado, inclinando para a frente o encosto do
banco anterior que me impedia a saída.” “Estava
eu já com meio corpo fora do carro, quando uma forte pancada, seguida de dor
aguda, me abalou a cabeça, provocando a minha queda.” “Quando recuperei os sentidos, talvez uma
hora depois, verifiquei que a meu lado estava a pasta, caída, e dela haviam
desaparecido as jóias que contivera. Levantei-me a
custo e, agarrando a pasta com o lenço para que as minhas não fizessem
desaparecer quaisquer outras impressões digitais, que por sorte lá
estivessem, dirigi-me para aqui, sem me preocupar com a visita que prometi
fazer ao meu amigo César Pelim. Tinha andado poucas
centenas de metros, quando passou um novo táxi que eu ocupei, indicando ao
motorista esta sua morada. As jóias que me
foram roubadas valiam, como já disse, enorme fortuna. Peço, por isso, que, se
o senhor não puder encontrar o ladrão, consiga ao menos provar o roubo, para
que a companhia seguradora não me negue o dinheiro do seguro”. Marcos
Dias ouvira estas declarações, sem deixar de olhar furtivamente as revistas
que deixara de lado, para mais atenciosamente atender o seu consulente. Foi
tanta a sua atenção que, momentos depois, havia solucionado o caso! E tão a
seu contento que logo telefonou à Polícia Judiciária… Terminado
o caso, e já sem ligar à chuva miudinha que continuava a cair, o detective resolveu dar uma saltada até ao CLUBE DO
ARANHIÇO para contar o caso aos seus amigos, que em seguida não regatearam as
felicitações a ele devidas por mais um triunfo na luta contra o crime. Pergunta-se:
Qual teria sido a solução que o detective expôs aos
seus amigos?
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© DANIEL FALCÃO |
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