Autor

J. C. Al

 

Data

4 de Dezembro de 1994

 

Secção

Policiário [179]

 

Competição

Supertorneio Policiário 1994

Prova nº 8

 

Publicação

Público

 

 

Solução de:

BATER CERTO

J. C. Al

 

– O arquitecto sai do “atelier” às 18h00.

– António sai às 20h30. Dirige-se para o parque de estacionamento através da escada de serviço.

– Carlos sai às 22h30. Dirige-se para o parque de estacionamento pela escada de serviço. Volta ao “atelier” por volta das 22h50. Entra pela portaria, porque é a única maneira de entrar no edifício. Já ninguém se encontra no “atelier”. A sua entrada pode ser confirmada pelo segurança e pela escala horária.

– Abílio sai às 23h40. Liga ao segurança da portaria para subir e ligar o alarme do piso 2. Descem os dois.

– Às 23h45, temos todos os alarmes ligados. Não é possível subir a nenhum dos quatro pisos, a não ser passando pelo segurança para se poder desligar o alarme do piso respectivo.

– Logo, o desaparecimento dá-se antes das 23h40.

– Pelos depoimentos das saídas, António e o arquitecto estão ilibados.

– Há uma falha nos depoimentos do Carlos e do Abílio, quando comparados.

– Carlos volta ao “atelier” às 22h50 e afirma não estar lá ninguém. Até pergunta se está alguém, mas não é dada qualquer resposta.

– Abílio tinha de estar no “atelier”, pois se saiu às 23h40, nunca Carlos podia subir sem ser com o segurança para lhe desligar o alarme.

– Há um intervalo de tempo em que Abílio se ausenta do “atelier”. Não saiu pela portaria.

– O inspector inspecciona a escada de serviço, donde conclui que não é possível entrar pela porta de incêndio após esta se fechar.

– Encontra uma carteira de fósforos quase cortada por meio e sem a impressão do rosto que havia sido tirada por ter uma fita-cola presa.

– Abílio usou a carteira de fósforos para não deixar fechar a porta de incêndio. Pegando numa carteira de fósforos e num bocado de fita-cola, colando uma extremidade da fita à tampa da carteira de fósforos e colando a outra extremidade na parte superior da ombreira da porta, esta faz com que a porta não se feche. A carteira serve de batente à porta e esta não se fecha completamente. O alarme de incêndio não é accionado por duas razões:

1ª – Estava desligado nas portas, sendo possível essa operação só deixando activos os “spray-springlers”;

2ª – As saídas constantes pela porta de incêndio – António e Carlos usaram-na – são demonstrativas desse facto.

– O batente foi usado para que a porta não se fechasse, e assim poder descer com o processo do concurso até ao piso 0, onde abriu a porta de incêndio que dá para o parque de estacionamento e deixou o processo de fora. Podiam acontecer duas coisas nesse ponto:

1ª – Estava alguém de fora que recebeu a encomenda e levou-a, ou;

2ª – É deixada junto à porta, do lado de fora, onde foi apanhada mais tarde quando saiu definitivamente. Como era Inverno, pode ser deixada num saco de plástico para não apanhar chuva – os desenhos, se forem em cópias heliográficas, tipo ozalide, são dobradas para o tamanho A4. Os originais, em vegetal ou reprolar, são postos num tubo de plástico do tipo usado no “atelier”.

– Seguidamente sobe ao piso 2, tira o batente da porta e entra no “atelier”. Sai mais tarde, calmamente, como se estivesse estado sempre lá.

– A “morte do artista” está em dois pormenores:

1º – Deixa a carteira de fósforos na escada, talvez motivada por alguma pressa ou atrapalhação;

2º – Quando comparados os depoimentos de Carlos e de Abílio, verifica-se que é entre as 22h30 e as 22h55 que Abílio faz o truque da porta. Mais perto das 22h45h – 22h55, que é quando Carlos chega ao “atelier” e não está ninguém.

© DANIEL FALCÃO