Autor Data 19 de Outubro de 2014 Secção Policiário [1211] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2014 Prova nº 9 (Parte II) Publicação Público |
CHAMAVA-SE TOTÓ… Jogador Santos Olá. Chamo-me
Totó. Não se riam porque esse nome é mesmo o meu, foi-me posto pelo meu pai e
ele teve as suas razões, certamente muito válidas. Nasci
em Lisboa e o meu pai era e ainda é um apaixonado por tudo o que seja jogo,
tem tabelas e lógicas para apostar aqui e ali e nunca falha um bom desafio.
Para tudo ser perfeito para ele, vi a luz do dia, exactamente
no mesmo dia em que o jogo baseado nos resultados de futebol, viram essa
mesma luz. Daí ao nome, foi um pequeno passo! Mas
houve mais, para mal dos meus pecados, os primeiros anos da minha existência
foram marcados por apresentar um aspecto bem
rotundo, assemelhando-me a uma bolinha, que só ajudava ao ambiente trocista
em que fui obrigado a viver. Mas
voltando há minha primeira aparição nesta terra, o meu pai como bom
apostador, como já referi, não deixou passar a oportunidade de tentar a sua
sorte, como depois foi sempre fazendo, com este e com todos os outros jogos
que se seguiram e sempre se gaba, quando o assunto é jogo, que em todas as
primeiras edições de qualquer dos jogos legais que em Portugal apareceram,
sempre ganhou prémios! E isso era a demonstração da sua enorme qualidade como
apostador! Na
verdade, ninguém se recordava se tal sorte era mesmo verdadeira, mas se fosse
realmente assim, também era certo que nunca ganhara grande coisa, grandes
prémios, bem pelo contrário, que a nossa vida jamais foi desafogada e a minha
mãe muitas vezes amaldiçoava o jogo como responsável por muitas das
dificuldades sentidas. O
meu pai era, naqueles anos em que o recordo na fase da minha infância, uma
pessoa com quem se podia brincar, a minha mãe chamava-lhe irresponsável, mas
para mim era um camarada brincalhão, sempre com uma piada, uma paródia, uma
anedota… Benfiquista
até ao tutano, cedo me tentou aliciar para o clube da águia, mas nós, miúdos,
não conseguimos seguir a lógica dos adultos e… acabei dragão! Mas
dele nunca recebi qualquer crítica ou remoque sobre a minha opção juvenil,
que se arrastou até hoje e certamente continuará até ao fim. Dizia ele que
era normal que os miúdos se apaixonassem pelos perdedores, que nessa época lá
para os lados do Douro não se festejavam títulos. Mas para mim a explicação
era outra, um dragão era muito mais apelativo do imaginário que uma simples
águia… Dizia
ele, com o seu melhor sorriso malandro: –
Sabes, quando nasceste, naquele dia mesmo, tive um prémio razoável no jogo e
por isso te dei o nome que tens. Não foi um grande prémio mas como acertei
todos os outros jogos, podia ser muito maior se não fosse o meu benfiquismo… –
Puseste o Benfica a ganhar e ele não ganhou, foi? –
Não, claro que o pus a ganhar e ele ganhou mesmo. –
Então foi o Sporting ou o Porto que não puseste a ganhar? –
Foi, pus os dois a perderem, como bom benfiquista que sempre fui! Mas como
nasceste tu, fui amplamente recompensado! Já tinha esgotado a minha dose de
sorte desse dia e claro que não te trocava pelo prémio maior, pelo 13, nem
que ganhasse sozinho… Sorriu
com o seu melhor sorriso malandro e nesse momento, quase acreditei plenamente
nele! A
– O prémio do jogo terá sido razoável, como ele diz; B
– O prémio do jogo terá sido bem maior do que ele diz; C
– O prémio terá sido mais pequeno do que ele diz; D
– Não terá havido prémio do jogo para ele. |
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© DANIEL FALCÃO |
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