Autor Data 17 de Abril de 2016 Secção Policiário [1289] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2016 Prova nº 2 (Parte I) Publicação Público |
Solução de: SUICÍDIO OU HOMICÍDIO? John Death A vítima, Jorge Maneiras, era um industrial de plásticos
e tinha ficado impedido, de acordo com o que refere o seu irmão, de assinar
documentos por causa de um acidente que imobilizou o braço esquerdo.
Portanto, tudo indica que o empresário morto era esquerdino e não usava
minimamente a mão direita. Como o investigador Humberto notou, a arma estava
junto da mão esquerda, o que está correcto com a
informação disponível. O tiro foi desferido no peito e o cadáver estava
estendido de costas com a cabeça na direcção da
porta, portanto, no lado contrário à janela. Isto indicia que o tiro que o
matou foi desferido da direcção da janela para a
porta, de frente para a vítima. A hipótese de suicídio está posta de parte porque se ele
poderia segurar a pistola e desferir o tiro no peito, por exemplo, segurando
a arma com as duas mãos e disparando, não poderia justificar o vidro da
janela partido nem a cápsula no jardim. O vidro partido ainda podia ser
simulado anteriormente pela vítima antes de dar o tiro fatal em si mesma,
podia partir o vidro, mas já não poderia ir atirar a cápsula para o jardim
depois de disparar. Ficamos com a hipótese de alguém ter disparado do jardim
através da janela, matando o empresário, sendo a cápsula expelida e por isso
aparecia naquele local do jardim. Mas esta hipótese não é viável porque o
jardim fica três metros abaixo da altura da janela, o que tornava impossível
que alguém pudesse desferir um tiro que atingisse a vítima no peito. Além
disso, não havia marcas de qualquer espécie no jardim, nem poças e como
chovera intensamente nas últimas horas, quem por ali andasse tinha de deixar
marcas de pegadas. Também há o facto dos estilhaços do vidro partido estarem
no jardim, sinal de que o vidro foi partido de casa para a rua e não da rua
para casa. Finalmente o aparecimento da arma junto da mão da vítima, que
obrigaria o assassino a entrar em casa depois de dar o tiro de fora, para
deixar a arma junto ao corpo. Portanto, o empresário foi morto com tiro desferido por
alguém, dentro de casa, no próprio escritório, alguém que estava de costas
para a janela e o alvejou no peito. Depois, como sabia que ele era
esquerdino, depositou a arma junto da mão esquerda da vítima, recolheu a
cápsula, partiu o vidro da janela e atirou a cápsula para o jardim. Concluindo, não houve
suicídio mas sim homicídio. Quem o praticou, é uma incógnita que não está em
discussão neste problema, mas como tinha de ser alguém que conhecesse muito
bem a casa e a vítima, não deve ser muito difícil ao investigador Humberto
“apertar” um pouco o irmão da vítima. |
© DANIEL FALCÃO |
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