Autor

Júlio Penatra

 

Data

6 de Novembro de 1994

 

Secção

Policiário [175]

 

Competição

Torneio Rápidas Policiárias 1994

Prova nº 11

 

Publicação

Público

 

 

Solução de:

EM TROCO DE NADA

Júlio Penatra

 

Estariam todos em casa. Adolfo com Dulce, e Belo à sua espreita com o fito na chantagem. Adolfo, germânico, seria o loiro e Belo o do sorriso sarcástico e olhar matreiro, por ter surpreendido qualquer coisa naquele quarto. Saíram pela porta da frente, a menos iluminada. Oto foi o único a entrar e sair pela porta lateral. Não tendo suportado a pressão da sua incapacidade para ter acesso a Dulce, descarregou as suas frustrações naquele que considerava responsável pelas mesmas. Entrou em casa e esperou o momento apropriado para se abeirar da vítima. Terá até jogado um pouco de xadrez com ela. Quando achou oportuno, terá morto o adversário, talvez por envenenamento com um produto fortemente letal e odorífero (cianeto?), tentando disfarçar com o odor das flores da planta que terá levado do jardim. Procurando uma manobra de diversão, terá mesmo, na sua inexperiência, simulado a agressão à vítima com o corta-papel depois de aquela já ter morrido há algum tempo.

Canhoto, como se pode deduzir das passagens do texto que o descrevem, deixou todos os vestígios na cena do crime ao seu lado esquerdo: o percurso da “lâmina”, as posições das peças “comidas”, do cinzeiro e do cálice, as marcas na porta de saída e na luva esquerda, manchada de sangue num gesto inconsequente, ou seja, sem consequências porque o homem já estava morto.

Introvertido, saiu de casa pela porta lateral, a mais iluminada, com ar descontraído para disfarçar, voltando à lavanda para deixar a luva que o incomodava.

Portanto, alínea D.

© DANIEL FALCÃO