Autor

Júlio Soares

 

Data

13 de Maio de 1976

 

Secção

Mistério... Policiário [61]

 

Competição

Interregno...

Prova nº 13

 

Publicação

Mundo de Aventuras [137]

 

 

O CASO DO PUNHAL DESAPARECIDO

Júlio Soares

 

Há uma hora que chovia. Por isso, João aproveitou para ir consultar o médico. Quando lá chegou, cumprimentou os presentes, na sala de espera com um «bons-dias» geral. Deu uma vista de olhos pela sala e viu que lá estavam presente 3 homens: um, de idade avançada, os outros dois de meia-idade. Escolheu uma cadeira e sentou-se. Esperou assim um quarto de hora. Impaciente, pergunta a um, que esperava numa cadeira ao lado da sua, há quanto tempo tinha chegado.

– Fui o primeiro, aí há uma meia hora que cheguei – responde.

– Não reparou se o médico já chegou?

– Sinceramente, não. Tenho estado distraído com a conversa daqueles dois – e apontou com a cabeça o homem já velho e o outro. João olhou para eles e notou, com um sorriso, que tinham as calças tão molhadas como as dele próprio.

Levantou-se e perguntou à empregada:

– O sr. dr. chegou?

– Já, mas mal chegou foi para o consultório, arrumar umas amostras que lhe enviaram.

João dirige-se à porta do consultório e bateu-lhe com os nós dos dedos. Nada. Bate mais forte. Sempre um silêncio absoluto como resposta. Preocupado, toma balanço e mete a porta dentro com o ombro.

O médico jaz no chão.

A garganta, cortada, tinha ensopado a bata de sangue. Este, coagulado, completamente seco, já não aderiu quando João tocou, com o dedo, no enorme golpe, que dividia o pescoço do cadáver.

Pormenor curioso, não se via nenhuma faca ou outro objecto cortante por perto…

Volta-se para a empregada, que assoava o nariz num lenço com marcas de sangue.

– Oh!... o que haviam de fazer ao pobre sr. dr.…. Mas, está a olhar para mim… Não vá pensar que o matei – gracejou. – Foi uma ferida que ontem limpei a um miúdo.

Fitando-a, volve-lhe:

– Não me ocorreu isso. Só lhe queria, no entanto, perguntar se alguém se ausentou da sala de espera?

– Sim, aquele velhote. Há vinte minutos foi à casa de banho.

– Mais ninguém? – ainda inquiriu, enquanto se aproximava da saleta.

– Não.

– Tem telefone, não tem? Então chame a Polícia quanto antes e informe-a do que se passa.

Entrou na sala de espera e reparou nas marcas de lama que sujavam a alcatifa perto dos dois homens, que alheados ainda conversavam, e também debaixo da sua própria cadeira.

– Veio de carro? – perguntou ao seu interlocutor de há momentos.

– Não – respondeu, enquanto João, distraído, olhava para as calças bem vincadas e enxutas que o outro envergava, assim como para os seus sapatos, esmeradamente engraxados –, a minha mulher levou-o quando foi às compras, hoje de manhã cedo.

 

1 – Quem foi o assassino?

2 – Teve cumplicidade com alguém?

3 – Baseie as respostas.

 

 SOLUÇÃO (não publicada)

© DANIEL FALCÃO