Autor Data 15 de Novembro de 2015 Secção Policiário [1267] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2015 Prova nº 9 (Parte I) Publicação Público |
Solução de: FOI DO DESESPERO? Karl Marques Pois,
ele não quer que o leitor perceba tudo, não vá dar-se o caso de o leitor
começar a desconfiar do próprio inspetor. A
sua falta de simpatia pela vítima é assumida ao longo de toda a narração. Começa
por chegar relativamente cedo à entrada do prédio (corpo descoberto pouco
depois das 9h30, chamada para a polícia, tudo aponta que para a PSP que já lá
está, e às 10h20 já lá está o inspetor, que em princípio seria chamado
posteriormente, como se estivesse pronto a rumar ao local do crime. Não é
impossível, longe disso, mas é um primeiro indício. Apesar
do seu elevado peso (descrito mais à frente) dirige-se de imediato às
escadas, sem tentar chamar o elevador. Que de facto está avariado, mas não
seria suposto ele sabê-lo. Antes
havia cumprimentado um amigo da vítima e sentido o frio de suas mãos, não
terá portanto luvas, mas à chegada, depois do cigarro fumado escadas acima, é
dito que empurra a porta do apartamento. Não é dito que foi com a mão, é certo,
mas nota-se uma displicência em relação ao local do crime. A
existência de pegadas suas, quando, por exemplo, o arrumadinho as não deixou,
revelam também alguma falta de cuidado. Como se quisesse deixar vestígios. Nos
interrogatórios fala “dos arrendatários que saíram”, mas segundo o próprio
ele só soube depois que eram arrendatários e que já não habitavam o prédio, e
que até havia estado a pressionar as respetivas campainhas. Não
manifesta qualquer curiosidade em conhecer o alibi do “homem que já está
muito melhor” antes apressando as suas respostas, como se já estivesse certo
que ele de nada seria culpado. Também
nos interrogatórios se nota ausência de questões relacionadas com eventuais
inimigos, etc. Terá
começado por se inteirar dos hábitos dos habitantes e visitantes do prédio,
por forma a escolher o dia mais conveniente. Depois
de assassinar a vítima, provavelmente com esta sentada no cadeirão, arrastou
o corpo para o tapete na posição em que foi encontrado. A presença de sangue
apenas na roupa, para mais espalhado por todo o lado esquerdo, e o braço
ainda a segurar a pistola retiram a hipótese de a morte ter acontecido
naquele local e naquela situação, deixando a hipótese de suicídio
praticamente de lado, só viável se alguém deslocasse o corpo depois. Limpou a
zona da sala onde cometera o crime, e tentara lançar suspeitas para aquele
que ele sabia ser uma visita habitual, através de uma arrumação que
contrastava com os outros hábitos da vítima. |
© DANIEL FALCÃO |
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