Autor Data 18 de Novembro de 2012 Secção Policiário [1111] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2012 Prova nº 7 (Parte I) Publicação Público |
Solução de: CRIME OU SUICÍDIO? Leopardo Só
podemos estar na presença de um crime. O banco sobre o qual, presumivelmente,
a vítima se teria colocado para praticar o suicídio tinha apenas 50 cm de
altura, mas os seus pés encontravam-se a um metro do chão. Perante
esta evidência o crime está sobejamente provado. Agora só temos que
reconstituir a forma como o crime teria sido cometido. É provável que o
assassino tenha agredido a vítima deixando-a sem sentidos. De seguida passou
a corda, com que certamente já iria prevenido, por cima da trave do tecto. Atou uma das pontas no pescoço do velho e içou-o
atando em seguida a corda num prego, que possivelmente já lá estaria pregado,
mas não é de excluir a hipótese de ter sido ele a pregá-lo. O
velhote era gordo pelo que a tarefa do assassino a içá-lo foi certamente
árdua, mas poderia ter sido menos penosa se o não elevasse tão alto, o banco
tinha só 50 centímetros pelo que não era necessário levantá-lo até um metro
do solo o que logo chamou a atenção do Capitão Isaías para a impossibilidade
de suicídio. Outras
provas de que foi um crime são-nos fornecidas pelo prego ligeiramente
inclinado para baixo. Se o velho se tivesse enforcado, dada a fragilidade do
prego, este ficaria inclinado para cima devido ao peso do corpo e ao esticão
que teria sofrido. Também a pequena ripa encontrada entalada entre a trave e
a corda eram prova de que o corpo fora içado. Em caso de suicídio essa ripa
poderia, eventualmente, estar entalada entre a corda e a parte lateral da
trave. Também as fibras quebradas da corda demonstram que o corpo fora içado. Posto
isto só me resta revelar quem foi o autor da façanha. Maria dos Prazeres e o
Tó Marreco não tinham compleição física que lhes permitisse içar o corpo
ainda que este fosse leve. Portanto só o João Coxo poderia ter feito aquele
trabalho. Curiosamente, no caminho para a cabana não se notam pegadas dele.
Isto significa que ele fora para a cabana antes da
chuva ter chegado pelo que as suas pegadas não ficaram bem impressas no chão
duro e a chuva da noite apagou as que eventualmente existissem. Apoiado
em tudo isto, o Capitão Isaías antes de abandonar a aldeia deu voz de prisão
ao João Coxo. |
© DANIEL FALCÃO |
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