Autor Data 9 de Fevereiro de 2014 Secção Policiário [1175] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2014 Prova nº 1 (Parte II) Publicação Público |
AO LUAR DO VERÃO… Lobo Mau O
detective nem queria acreditar no que lhe
acontecera. Na verdade nem parecia possível que, numa noite tal bela e quente
como aquela, com um luar tão perfeito, com a lua a mostrar toda a sua
plenitude, redonda e brilhante, um qualquer topo, certamente com algum
problema, viesse ter com ele, daquela maneira, a gritar que tinha visto um
lobisomem e outras coisas igualmente incríveis. O
detective olhou o homem com um misto de interesse e
compaixão, logo se arrependendo deste último sentimento. Na verdade, o homem
parecia estar convicto de que tudo acontecera como estava a contar… “Mas
é verdade, detective, foi hoje mesmo… Julga que sou
algum lunático, não é verdade? Pois não sou… Hoje mesmo, dia 5 de Junho deste
ano de 1993, com esta Lua Cheia que pode ver, que o lobisomem apareceu… Eu
mesmo o vi!” “Enganou-se,
certamente… Deve ter imaginado”, retorquiu o detective. “Não,
não e não! Eu vi-o. Eram mais ou menos 21h30 e a escuridão invadia já os
caminhos ermos por onde tenho de passar, para chegar a minha casa. Foi ali
mesmo, naquele sítio, escuro como breu, como pode ver, só iluminado pela luz
da Lua. Como pode ver, quando a lua se mostra, ainda se vê alguma coisa, mas
quando as nuvens a tapam…” “E
o que é que aconteceu?” “Ora,
aquelas nuvens escuras encobriram a Lua e ficou tudo escuro. Foi então que me
atacou… Só tive tempo de me esquivar, julgando que era algum cão, ou coisa
assim, mas logo a seguiu a Lua descobriu a sua face redonda e pude ver
claramente que era um homem com o corpo coberto de pelos, com feições de
lobo, horrível… Desatei a fugir e tive a sorte de estarem a chegar outras
pessoas, que espantaram o animal, ou homem, ou lá o que ele é…” “Mas
ele chegou a fazer-lhe algum mal?”, insistiu o detective. “Não,
tive muita sorte!”, respondeu o homem. Nenhum
dos indivíduos que ele apresentou como tendo chegado a tempo de o safar viu
fosse o que fosse e tudo o que sabiam era pelo que o “nosso” homem contara. O
detective sabia que não podia ser um lobisomem o
que ele vira, mas queria aprofundar se o homem estaria a mentir ou se estaria
de boa-fé, enganado por um qualquer fenómeno… E
pensou… Poder-se-iam
pôr as seguintes hipóteses: A
– O homem mentiu premeditadamente, inventando uma história que nunca poderia
ter-se passado como ele conta. B
– O homem mentiu sem querer, confundido por ter visto alguma coisa que
alguém, para lhe meter medo, forjou. C
– O homem não mentiu, antes viu e sentiu tudo como indicou, embora não fosse,
como é óbvio, um lobisomem. D
– O homem não mentiu e nada impede que não haja mesmo lobisomens e que tudo
seja, rigorosamente, como descreveu. |
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© DANIEL FALCÃO |
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