Autor Data 10 de Fevereiro de 1977 Secção Mistério... Policiário [100] Competição Torneio
"Primeiro Passo Deductivo" Problema nº 6 Publicação Mundo de Aventuras [176] |
Solução de: PROCESSO 1329 – SECÇÃO A Lorek 1.o
– As instruções dadas por Vítor Barros ao seu amigo, chefe da esquadra da P.
S. P., visavam a prisão de «K», responsabilizando-o pela morte do conhecido e
abastado industrial senhor «Z». 2.o
– A sua decisão encontra-se baseada nos seguintes aspectos:
a)
«Fazia um frio de rachar. Nevava com
intensidade». (Com efeito, naquela data – sexta-feira, 20 de Fevereiro de
1976 – as condições atmosféricas da cidade da Guarda eram precisamente as
descritas, conforme se poderá verificar nalguns jornais da época). Assim o
carro de «K», estacionado «na rua»,
forçosamente seria atingido pelos efeitos das referidas condições
atmosféricas, pelo que estaria coberto de neve; logo, antes do veículo ser
posto em andamento, seria necessário proceder à retirada da neve que estaria
depositada nos vidros do mesmo (pelo menos, no pára-brisas),
porquanto, de outro modo, por má visibilidade, seria muito difícil a condução… b)
Além disso – quiçá, como factor principal – o carro
nunca efectuaria «imediato arranque» e muito menos possibilitaria «mirabolante gincana», dado que,
estando há muitas horas sujeito aos rigores do tempo, teria o motor gelado e,
decerto, seriam precisas várias tentativas para o fazer pegar; porém, só
depois de prévio aquecimento a todo o seu sistema motriz, é que ficaria nas
condições requeridas para um andamento normal, pois, se assim não sucedesse,
facilmente o carro «se iria abaixo»… c)
…«Ainda não tinha saído de casa» – dissera «K».
Consequentemente, e dado ser «solteiro,
espírito independente», naquele dia ainda ninguém tinha utilizado o
carro; portanto, este encontrava-se parado desde o dia anterior… Assim sendo,
qual a razão por que se não verificaram os quesitos apontados nas alíneas a)
e b)?!.… …A
resposta é simples: «K» mentiu! Já saíra de casa, sim! até
utilizara o carro. Mais ainda: estava a acabar de chegar, quando Vítor Barros
lhe apareceu em casa… Fácil será depreender donde vinha… d)
Quanto aos outros suspeitos, nada há a incriminá-los: –
«W» estava com parte de doente e não existem provas que o contradigam. Quanto
aos sapatos, precisamente por estarem enlameados, demonstram que não foram
utilizados nesse dia, pois, se assim sucedesse, o calçado teria apenas
partículas de neve ou estaria unicamente molhado (nevava com intensidade e,
nessas condições, não há lama; esta só se verifica no degelo…). –
«Y» tem as suas declarações confirmadas pela secretária. Poderia existir
conivência entre os dois, é certo, mas não seriam tão «lorpas» que não se lembrassem que os seus depoimentos ficariam
sujeitos à confirmação ou desmentido de terceiros – os clientes… |
© DANIEL FALCÃO |
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