Autor

L. P.

 

Data

23 de Dezembro de 1976

 

Secção

Mistério... Policiário [93]

 

Competição

Torneio "Primeiro Passo Deductivo"

Problema nº 3

 

Publicação

Mundo de Aventuras [169]

 

 

Solução de:

O ESTRANHO DESAPARECIMENTO DO QUADRO

L. P.

 

1.o – A «causadora» do desaparecimento do quadro foi a sr.a D. Amélia de Meneses.

2.o – Fácil chegar a essa conclusão, porquanto a depoiente falta à verdade, ao descrever o horário em que tomou os comprimidos (e não só…). Vejamos:

a) Ausentara-se entre a «meia-noite e meia hora» e «meia-noite e cinquenta» para ingerir o medicamento que o médico recomendara para tomar com intervalos de seis horas. Sendo assim o próximo seria tomado entre as 6.30 e as 6.50 horas… Porém, por volta das cinco horas, D. Amélia informou o inspector de estar na hora «de ir tomar mais um comprimido»…

b) Se o mordomo nunca se deitava antes da patroa e, por isso, se encontrava de pé (pormenores que, decerto, seriam do conhecimento da sr.a D. Amélia), é de estranhar que esta não o tivesse chamado, a fim de lhe ir buscar os comprimidos. Evitaria, assim, a «maçada» de subir…

c) …Mas o mordomo não deu por nada. Das duas, uma: ou não estava atento aos movimentos da patroa, ou, então, a sr.a D. Amélia teve o cuidado suficiente de não «despertar» a atenção dele. A segunda hipótese parece a mais viável…

d) Além do mais, vinte minutos para tomar um comprimido, é muito tempo, não é verdade?!... Algo mais lhe ocupou o tempo; talvez, entretanto, tivesse ocultado o quadro…

3.o – O móbil está bem evidente: dada a sua precária situação financeira, a sr.a D. Amélia tentou defraudar a Companhia seguradora do quadro. Assim, provocou o desaparecimento do mesmo, pensando que, desse modo, conseguiria o seu objectivo: arrecadar uma boa maquia e conservar o quadro.

 

Solução apresentada por Félix da Picota

1 –

 

 

 

 

2 –

 

 

 

 

3 –

 

 

 

 

4 –

 

 

 

 

5 –

 

 

 

 

6 –

D. Amélia de Meneses

– Só Deus sabe por que andanças –

Andava muito agastada

Pois ’stava mal de finanças.

 

Vai um dia, olhou pró quadro

E, então, «espreitou o furo»:

Se o fizesse desaparecer

Quem pagava era o seguro!

 

Valeria bom dinheiro,

Findavam-se as arrelias.

Pod’ria viver descansada

Até ao fim dos seus dias.

 

O pior eram os achaques

De que vinha padecendo,

Pois com estas aflições

O coração foi cedendo.

 

A prescrição do doutor

Veio logo sem demoras:

Tomar um só comprimido

A intervalos de seis horas.

 

D. Amélia é cumpridora,

Nunca se deve enganar.

Até interrompe um livro

Pró comprimido ir tomar!

7 –

 

 

 

 

8 –

 

 

 

 

9 –

 

 

 

 

10 –

 

 

 

 

11 –

 

 

 

 

12 –

Mas então por que razão

Foi que ela, por seu mal,

Tomou novo comprimido

Passadas quatro horas e tal?!

 

Ora o inspector Fidalgo,

Que não é de ideias lentas,

Não precisou, sequer, dum fósforo,

P’ra iluminar as «cinzentas».

 

Chamou os dois protagonistas

Desta tragédia caseira

E depois, com olhar firme,

Falou-lhes desta maneira:

 

«Ó senhora D. Amélia,

«Vomecê» tem muita ronha.

Dou-lhe ordem de prisão,

Até devia ter vergonha!»

 

«Quis culpar aqui o Campos

(Bom rapaz, ao fim e ao cabo),

Deitou um fósforo ao chão

– O que não lembra ao diabo!»

 

 «Eu até sei que ele não fuma,

Mas se calhar, noite e dia,

Nem acende a luz eléctrica

…Para poupar energia!…»

© DANIEL FALCÃO