Autor Data 20 de Dezembro de 1992 Secção Policiário [77] Competição Prova nº 5 Publicação Público |
Solução de: O INSPECTOR FIDALGO DÁ UM CURSO… L. P. Como facilmente se verificava
e quase toda a gente viu, o “caso” retratado no curso, e onde brilhou o
Agripino, era tipicamente uma situação de homicídio. Factores
psicológicos e materiais assim indicavam. Assim: – o
estado de espírito da vítima, de quem estava a “viver a vida” e a gozar, não
indicia qualquer tendência suicida; – não
há notícias, correspondência ou telefone que lhe possa dar azo a qualquer
alteração de humor ou de estado de espírito no sentido da mudança; – ninguém
se senta num carro e aperta o cinto de segurança para em seguida se suicidar;
– um
suicida nunca dispararia uma arma com uma inclinação tão acentuada, de cima para
baixo (como iremos provar); – o
tiro é desferido da têmpora direita para os maxilares no lado esquerdo da
cara da vítima. Prova-se esta afirmação com o facto conhecido de qualquer projéctil produzir muito mais danos ao sair do que ao
entrar. Principalmente por sair mais debilitado, em termos de força, depois
de rasgar tecidos e se desviar em ossos, não saindo, pois, com o mesmo
movimento de rotação uniforme com que entrou. Isto apesar de ainda ter força
para perfurar a chapa da porta do lado esquerdo; – a
rebarba que fica na porta da viatura, em tomo do orifício e onde o agente se
fere, indica que o projéctil saiu por ali, pois se
entrasse, a rebarba seria para o interior, onde o painel da porta não
permitiria sequer ver essa rebarba; – o
tiro não foi dado à queima-roupa, com o cano encostado, como seria em caso de
suicídio, porque a ferida não apresenta sinais dessa aproximação
(queimaduras, contornos irregulares e lacerados), mas, antes, um orifício
mais ou menos regular, digamos disparado a cerca de um metro, ou coisa que o
valha. Outros factos que poderiam
ser explorados seriam o cheiro a pólvora, não tão intenso como seria se o
tiro fosse dado ali mesmo, junto à cara e a circunstância de a vítima não
estar sentada em posição normal na viatura, mas sim debruçada para a frente,
única forma de ter aquela inclinação e perfurar a porta e não o vidro do lado
esquerdo. A tirar alguma coisa do porta-luvas? A tentar meter a chave na
ignição? A tentar ver quem estava ali, partindo do princípio que teve essa percepção? Quem sabe? |
© DANIEL FALCÃO |
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