Autor Data 31 de Julho de 1994 Secção Policiário [161] Competição Prova nº 3 Publicação Público |
Solução de: NEM TUDO O QUE RELUZ É OIRO L. S. Uma vez que você se dirigiu
a casa do suspeito, verificou que a mãe colaborava consigo, prontificando-se
a esclarecê-lo de tudo o que necessitasse sobre o filho, você, o investigador,
faria o seguinte: 1. Perguntava-lhe se o
filho, de manhã, saíra de casa. 2. A que horas isso
acontecera. 3. Para onde se dirigira e
o que terá ido fazer. 4. Onde tinha ele o Bilhete
de Identidade. Até aqui apercebeu-se,
relativamente ao suspeito – e caso tivesse obtido informações preciosas –,
dos factores ‘oportunidade’ e ‘meios’.
Posteriormente, confirmado isso, partiria para o reconhecimento. 5. Colocando o sujeito no
meio de outros com a mesma configuração física, solicitaria aos caixas das
três dependências bancárias que pagaram os respectivos
cheques que tentassem identificar a quem pagaram, reconhecimento a fazer cada
um por si, individualmente. Esta tarefa deverá ser efectuada
no mais breve período de tempo, pois, tendo em conta o que aconteceu, as
probabilidades de dar resultados positivos serão enormes. 6. Exigiria ao indivíduo
que escrevesse pelo seu próprio punho diversas expressões e números,
devidamente orientados para os seus, que ficaram no verso dos cheques,
permitindo uma comparação grafológica com aqueles, de sua autoria. Refira-se,
a propósito, que o texto – é, aliás a experiência que fortalece essa ideia –
apenas menciona ‘rubrica dos caixas para aval’ e isso subentende-se do que
está escrito! 7. A pesquisa de vestígios
digitais nos cheques para comparação das impressões do suspeito. Depois, alicerçadas as
certezas por todos os elementos conseguidos até aqui, aconselharíamos o
indivíduo a devolver voluntariamente os restantes cheques traçados que, por
esta razão – só podem ser depositados –, não foram levantados. 8. Finalmente, procurava
ainda relacionar o indivíduo com casos anteriores, cuja referência se percebe
na frase “aquela história já não lhe era nova, melhor, a roupagem com que
vinha ‘vestida’ já não era novidade”. 9. Para comprovar a prova
material do furto cometido pelo suspeito seria importante fazer uma busca
sumária nos seus aposentos e em casa da mãe, solicitando-lhe autorização
expressa ou propondo ao juiz a emissão de um mandado de busca, fechando o
círculo completamente à volta do indivíduo. A busca seria orientada para a localização
dos cheques em falta ou outros elementos que o pudessem ligar a possíveis
crimes anteriores. No final, poderíamos
deparar com duas situações: ou se confirmava de vez que tinha sido aquela ‘pinta’
o autor e executor dos crimes de furto, utilização indevida de cheques e seu levantamento;
ou se partia para a hipótese de ter sido outro a fazê-lo com a sua
orientação. Caso contrário, seria necessário encarar ainda a hipótese de utilização
de Bilhete de Identidade falso… Mas isso seria outra história. |
© DANIEL FALCÃO |
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