Autor Data 19 de Julho de 1992 Secção Policiário [19] Publicação Público |
O INSPECTOR FIDALGO VAI AO ZOO Luís Pessoa Desde há muito tempo que
desejava fazer uma visitinha ao zoo, talvez com toda a família, para ver os
novos animais. Ao fim e ao cabo, o inspector Fidalgo tinha um fraquinho pela vida selvagem e
demorava-se sempre um pouco mais junto das jaulas dos tigres e dos leões,
observando o seu comportamento. Naquele dia nem tinha
pensado nisso, quando foi chamado ao recinto por causa do estranho
desaparecimento de um tigre bebé, acabado de chegar ao parque. Descobrir quem
roubara era o desafio que lhe propunham.
O desaparecimento ocorreu
durante a noite, como afirmam o Jorge, guarda e tratador dos bichos, e o director, que gere o parque e que, como faz desde há anos
e por pura carolice, tem o hábito de fazer uma contagem de todos os animais,
ao anoitecer. O Jorge estava
completamente destroçado por lhes terem roubado o “seu bebé” e afirmava que
se apanhasse o responsável lhe torcia o pescoço, não só pelo acto em si, mas também pelo perigo a que expunha o pobre
animal. O director
dizia que às oito horas da tarde, como todos os dias acontecia, os animais
estavam todos e o bebé também, que ele bem se lembrava de ter estado um pouco
mais a observá-lo, enquanto brincava despreocupadamente sob a vigilância da
mãe. – Então e a mãe não atacou
o ladrão? – interrogou o inspector. – Foi drogada. Hoje mesmo
anda meio combalida… – respondeu o director. – Não foi da comida que lhe
dei! – interrompeu o Jorge, visivelmente preocupado
em deixar a sua pessoa bem demarcada do roubo. – Mas às oito horas estava
tudo bem… – insistia o director. – Não tenho nada a ver com
isso. Eu limito-me a dar de comer aos animais e a limpá-los, nada mais, e foi
o que fiz. Às onze da noite, quando aqui vim dar de comer, estava tudo bem e
a comida que trouxe não podia ter nada, porque fui eu que a preparei. – Ainda bem que diz isso –
comentou o inspector – porque ia-lhe mesmo
perguntar o que andava a fazer a essa hora, porque foi visto com um balde,
aqui mesmo… – Eu sei que foi a Clotilde
que me viu, porque eu também a vi, mas fingi que não… O inspector
olhou para o céu com visível prazer. Havia solucionado o caso… A – Foi o Jorge que drogou
a mãe para depois lhe roubar a cria. B – Foi a Clotilde que
espreitou o Jorge e quando ele virou as costas foi drogar o animal. C – Foi o director que simulou o roubo para poder vender a cria e
ganhar bom dinheiro. D – Foi a cria que fugiu da
jaula, estando empoleirada nalguma árvore. |
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© DANIEL FALCÃO |
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