Autor

Luís Pessoa

 

Data

21 de Julho de 1992

 

Secção

Policiário [21]

 

Publicação

Público

 

 

O INSPECTOR FIDALGO BRINCA COM OS NOVATOS

Luís Pessoa

 

Naquele dia de Julho, todo o escritório fervilhava de azáfama pela chegada de mais um contingente de novos detectives, agentes que iriam entrar imediatamente em funções, após uma pequena ambientação.

Vá-se lá saber porquê o inspector Fidalgo estava particularmente falador e bem disposto, tendo reunido, como que por encanto, uma boa meia dúzia de novos agentes à sua volta, quando estava a contar histórias, umas verdadeiras, outras inventadas no momento, mais para estimular o raciocínio deles que para lhes meter um pouco de receio pelo que iam apanhar pela frente.

Depois de lhes colocar uma série de desafios, que surripiou da secção policiária do PÚBLICO e que alguns dos agentes também já conheciam, começou a brincar com coisas de carros, como por exemplo:

– O que é que vocês faziam se numa estrada deserta vos saltasse uma roda do carro e perdessem os parafusos que a seguram?

Perante o espanto deles, que nunca tinham pensado nisso, o inspector respondia, satisfeito consigo próprio:

– Tirava um parafuso de cada uma das três rodas e assim ficava com três parafusos em cada roda!

E logo passava para outra:

– E se o vosso carro se fosse abaixo em cima duma passagem de nível e o comboio viesse ao vosso encontro sem que o carro andasse por o motor não pegar?   

– Desatava a fugir! – diz um deles, logo se ouvindo um coro de risos.

– Claro que não – comenta o inspector.

– Punha o carro engatado em primeira velocidade e ia dando à chave, obrigando-o a ir saltando, até sair de cima da linha!

E esta também é boa. Imaginem que vão atrás dum larápio de automóveis, ao anoitecer. A perseguição é terrível e a todo o momento ambos se podem despistar. Numa curva mais apertada, vocês perdem o controle do carro e só a muito custo conseguem equilibrá-lo e prosseguir, mas o outro distanciou-se e, de repente, quando voltam a uma esquina, já não vêem carro nenhum. Suponham que não tiveram tempo de ver qual a matrícula, nem o modelo, nem a cor, nada de nada, não havendo qualquer motor a trabalhar.

O larápio está bem escondido, deitado no banco da frente parecendo ter escapado, quando vocês param a viatura com violência e se dirigem imediatamente ao carro roubado. Imaginem a cara do larápio quando vê uma pistola apontada, enquanto tira o pé do travão e se puxa para o exterior…

Bolas, como é que vocês o apanharam?...

 

A – Simplesmente por palpite. Limitaram-se a arriscar um qualquer carro ali estacionado.

B – O carro deitava fumo pelo tubo de escape e por isso denunciou-se.

C – O carro tinha luzes acesas na parte de trás e por isso tornou-se notado.

D – O larápio mostrou a cabeça e isso não passou em claro aos agentes.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO