Autor

Luís Pessoa

 

Data

13 de Agosto de 1992

 

Secção

Policiário [44]

 

Publicação

Público

 

 

O INSPECTOR FIDALGO E O LADRÃO DAS LUVAS BRANCAS

Luís Pessoa

 

Já não era a primeira vez que, naquele beco, havia assaltos à mão armada, e a polícia, como era hábito, ia reforçando a vigilância durante uns dias sempre que qualquer assalto se produzia, para depois abandonar tudo à sua sorte. Um dia, tratou-se de um amigo do inspector Fidalgo a ser assaltado naquela viela estreita, e foi então que este organizou um esquema para apanhar o larápio.

Depois de alguns dias em que nada aconteceu, chegou o grande momento, quando um agente da polícia, disfarçado, foi a vítima seguinte. A sua missão era, conforme o combinado, deixar-se assaltar passivamente, accionando um alarme que transportava consigo e que colocaria uma viatura no encalço do ladrão.

Tudo correu como fora planeado. O agente foi assaltado e tomou atenção a todos os sinais possíveis no sentido de uma futura identificação, se por acaso a prisão do responsável falhasse, como veio a acontecer, aliás – o que provocou uma das poucas explosões de mau génio de que há memória na pessoa de um senhor chamado Fidalgo e que, por acidente mas também por vocação, é inspector da Polícia Judiciária.

O que aconteceu é que houve um falhanço qualquer, o alarme que não tocou a tempo ou alguém que estava distraído no momento em que soou, ou qualquer outra coisa sem explicação. O inspector Fidalgo quase espumava ao ouvir o agente “assaltado”:

– O tipo é alto, com boa compleição física, vestido todo de preto e usando umas luvas brancas, dobradas no punho, tal como a camisa, deixando ver o braço, único ponto do corpo visível, pela existência de uma máscara.

No beco, quando a polícia chegou, prendeu preventivamente quatro homens que aí se encontravam, não havendo dúvidas, por não haver qualquer outra saída, de que um deles era o culpado.

O Telmo era um latagão negro, bem constituído, com várias condenações por roubo à mão armada. Afirmou nada ter a ver com o assunto, e que só por puro racismo poderia ser atacado pelo agente.

O Rubens era um branco com antecedentes de crime, várias vezes condenado, por posse de droga e assalto à mão armada. Afirmou que se estava “marimbando” para o que se passava. Não era o responsável, pronto!

O Nico era um tipo um tanto ou quanto parvo, não parecendo ter habilidade para nada, quanto mais para um assalto à mão armada. Era branco e sardento.

O Tinoco era também branco e de bom porte, um tanto arrogante, quase se recusou a dizer fosse o que fosse.

O agente, apesar de bastante experiente, não conseguiu identificar o assaltante e, perante isso, o inspector disse a um dos detidos que se podia ir embora…

 

A – Ao Telmo    

B – Ao Rubens          

C – Ao Nico  

D – Ao Tinoco

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO