Autor

Luís Pessoa

 

Data

25 de Julho de 1993

 

Secção

Policiário [108]

 

Competição

Torneio Rápidas Policiárias

Prova nº 4 – Problema nº 3

 

Publicação

Público

 

 

O INSPECTOR FIDALGO E O TRUCIDADO

Luís Pessoa

 

“Portugal é um país maravilhoso e um tanto misterioso, também havendo em tudo uma pontinha de mistério, de…”

O inspector Fidalgo foi interrompido nos seus pensamentos pela entrada do Cipriano, um moço de poucos méritos, que de há muito tentava integrar o grupo do seu herói: o inspector Fidalgo!

Inspector, descobri!

– O quê, rapaz? O que é que descobriste?

– A resolução do caso do comboio, do “gajo” que foi trucidado!

– E qual é, posso saber?

– Claro que sim… Quero ajudar em tudo e por isso…

– Cipriano, um bom detective não se perde em conversa sem utilidade… Abrevia…

– Pois bem, inspector, o morto ia ao longo da linha, do lado de fora da vedação, ao que parece acompanhado por alguém que não conseguimos identificar. O tipo das obras viu os dois, não é verdade? De repente, o morto decidiu virar à esquerda, em ângulo recto, entrou por um buraco da vedação e logo fez outro ângulo recto para a esquerda, seguindo entre os carris, decididamente ao encontro do comboio que ele parecia querer abraçar… Depois deitou-se nos carris…

– Espera aí, quem te contou essa história?

– Ora, o tal tipo das obras diz que viu tudo e os passageiros do outro comboio, que se ia a cruzar com o que o matou, só não viram por um bocadinho e o maquinista diz que não reparou em nada porque conduzem por instrumentos e só estão atentos à sua linha, não à do outro sentido!

– E o maquinista que o atropelou?

– Esse diz que o viu, mas sempre pensou que se desviasse à última da hora, como costumam fazer os miúdos das escolas. Apitou, travou, mas nada havia a fazer… É que só deu por ele no meio da linha, não se apercebeu das suas intenções.

– E chegas a que conclusão?

– Suicídio, sem sombra de dúvidas…

– Mas o maquinista disse que ele estava deitado nos carris…

– Deitou-se de propósito, para não ver…

 

A – O Cipriano tem razão nas suas conclusões, não havendo dúvidas quanto ao suicídio.

B – O Cipriano pode ter razão quanto ao suicídio, mas ninguém que se vai suicidar se deita nos carris para não ver o comboio a aproximar-se.

C – Houve homicídio porque a acção não se podia ter passado como o Cipriano descreve, havendo falsos testemunhos.

D – Houve homicídio porque o maquinista viu-o deitado nos carris e não travou porque não quis, prestando falso testemunho quando diz que não entendeu as suas intenções.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO