Autor Data 1 de Janeiro de 2006 Secção Policiário [755] Competição Torneio Rápidas para
Experimentar Prova nº 2 Publicação Público |
O ÚLTIMO NEGÓCIO DO ANO Luís Pessoa O Manuel é um empresário de
pouco sucesso que, de uma forma geral, não consegue realizar o seu sonho de
ser rico em pouco tempo e, se calhar, nem em muito tempo. Certamente que há
algum erro na escolha da actividade, o que vai
fazendo com que a fortuna esteja cada vez mais longe. A história que lhes vou
contar passou-se hoje mesmo, há pouco mais de uma hora e é bem demonstrativa
daquilo que acabei de dizer. Como disse, há cerca de uma
hora, o Manuel telefonou ao seu grande amigo Florêncio para lhe pedir que lhe
desse uma ajuda e lhe facultasse uma certa verba, sob pena de perder um
grande negócio: – Florêncio, é muito importante e simples. Há um comerciante chinês
que tem uma enorme quantidade de aparelhos de alta tecnologia para vender,
tudo legal, e vende-me a mim a um bom preço. Sabes, o tipo atrasou-se com a
compra e quando chegaram já o Natal tinha passado e portanto, está pronto a
vender-me muito em conta. Mas tem que ser já e pago em dinheiro vivo. – Está bem, Manuel, mas
para quê a pressa? – O tipo diz que tem de partir
ainda hoje, tem bilhete de avião e tudo e amanhã vai sair uma notícia no
PÚBLICO sobre este mesmo aparelho. Por isso, assim que o jornal sair,
certamente que vai haver uma corrida desenfreada, o preço vai subir e com
esta quantidade, estou garantido… – Tens a certeza que é
seguro? A notícia vai dizer o quê? – Ora, a notícia é de um
técnico especialista que vai dizer que estes aparelhos têm uma excelente
qualidade e desempenho… Vai ser uma corrida ao produto e se eu comprar a este
preço, posso vendê-lo pelo dobro… Só preciso é do capital, imediatamente,
para ir buscar os aparelhos… O Florêncio sabia que o
amigo não tinha grande habilidade para os negócios e por isso complicou
propositadamente a situação e foi ter com o amigo com o pretexto de lhe levar
o dinheiro. Quando falaram com o
comerciante chinês, Florêncio ouviu da boca dele a mesma história. Depois de
verificar o material que ia ser vendido ao amigo, não teve dúvidas de que o
preço até nem era mau, em função das características do produto, mas o
negócio não ia ser tão rentável como o amigo julgava, nem a corrida aos
aparelhos ia ser como ele apregoava, porque… 1 – Os aparelhos não
estavam em boas condições; 2 – Os aparelhos não iam
ser noticiados como o chinês apregoava; 3 – Os aparelhos não tinham
etiqueta de origem; 4 – Os aparelhos não
funcionavam com a nossa electricidade. |
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© DANIEL FALCÃO |
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