Autor Data 17 de Novembro de 1977 Secção Mistério... Policiário [140] Competição Torneio
“Tertúlia Policiária do Palladium" Problema nº 10 Publicação Mundo de Aventuras [216] |
MATARAM UM INSPECTOR… Mabuse Eram
dezasseis horas precisas, quando o inspector Lino
estacionou o carro na Rua de S. Paulo, perto da Conservatória do Registo de
Automóveis. Nessa manhã, um conhecido informador tinha-lhe telefonado a
marcar um encontro, para lhe revelar o nome do chefe da quadrilha de
traficantes de jóias que actuava
em Lisboa há perto de um ano. Metendo
por uma rua transversal, o inspector Lino chegou ao
prédio indicado e subiu ao 2.o andar. A
porta estava entreaberta, e o inspector entrou
cautelosamente… A sala estava vazia, o que era bastante estranho… José
Ferreira, o informador, devia estar ali. Brevemente porém o inspector Lino descobriu o seu interlocutor… Mas este não
podia falar… Estava morto, deitado dentro da banheira completamente cheia.
Debruçado sobre o cadáver, o polícia não se apercebeu que a porta da casa de
banho se abrira e entrara um homem… Lino
nem se voltou, nem mesmo quando a faca lhe entrou no corpo pela primeira vez.
Duas facadas mortais lhe vibrou o assassino, que, depois, calmamente, limpou
a lâmina ensanguentada a um pano, guardou a faca e saiu… Só
quatro dias mais tarde os cadáveres foram encontrados. O cheiro pestilento
que se fazia sentir fez os vizinhos chamarem a Polícia, e esta, depois de
arrombar a porta, encontrou os dois mortos… O
investigador encarregado de deslindar o caso foi o inspector
Petronilho. Dez
dias depois dos assassínios, Petronilho tinha cinco suspeitos, todos eles
cadastrados, com motivos mais que suficientes para matar o inspector Lino, e todos também capazes de cometer um
crime de morte, sem se preocuparem muito… Além disso, todos eles se dedicavam
ao tráfico de jóias. Todos
se declararam inocentes do duplo assassínio, e os seus depoimentos foram os
seguintes: António
Duarte – Não conseguiu lembrar-se como passou a tarde do dia do crime… Fernando
Sousa – Sabe que foi almoçar ao «Retiro do Diabo», em Cascais, com dois
amigos, e que por volta das quinze horas estava lá em Lisboa. Não se lembra
do que fez a seguir até às dezoito horas, altura em que foi para o bar de que
é proprietário, e donde saiu já de madrugada… Octávio
Andrade – Depois de almoçar, foi aos Correios para enviar um telegrama, donde
saiu às 14 horas e quinze minutos. Seguidamente foi a casa do seu amigo e
sócio Júlio Lopes, mas não o encontrou, pelo que resolveu ir ao cinema. Às
quinze horas e quinze minutos chegou ao «Eden», mas
não havia já bilhetes para a 1.a «matinée», pelo que comprou uma
plateia para a noite. Foi depois para o café «Gelo», onde esteve a ler o
jornal até às dezasseis horas e vinte e cinco minutos, altura em que
aconteceu um pormenor engraçado: sem querer, com o jornal, partiu a louça que
estava na mesa… Depois dirigiu-se ao Parque Mayer a pé, onde chegou cerca de
quinze minutos depois, ficando aí até às vinte horas e quarenta minutos,
altura em que se dirigiu para o cinema… Pedro
Brandão – Esteve toda a tarde a trabalhar no escritório e, exceptuando um amigo que apareceu depois das dezassete
horas para tratar de um negócio, não tem mais testemunhas… José
Gonçalves – Almoçou com dois amigos cujos nomes indicou, e toda a tarde
esteve com eles. Recusou-se a indicar os assuntos que estiveram a tratar, e
não foi possível encontrar os homens, por estes se terem ausentado do país,
logo no dia seguinte… No
entanto, com estes elementos o inspector Petronilho
não teve dúvidas em prender um dos suspeitos, como provável assassino do seu
colega Lino e do informador Ferreira… E
agora pergunta-se: 1
– Quem foi o presumível assassino? 2
– Como chegou o inspector Petronilho a essa
conclusão? |
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© DANIEL FALCÃO |
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