Autor Data 25 de Abril de 1993 Secção Policiário [95] Competição Prova nº 2 Publicação Público |
Solução de: O INSP. ALTURAS E A MORTE DO MAGNATA!... Magno Solução
apresentada por Galiza A ‘chave’ deste problema,
penso, gira em torno da adivinha popular ‘quando é que uma mulher abre as
pernas e um homem as fecha?’ Resposta: ‘quando cai algo ao chão.’ Caracterização
do magnata José Travassos:
1) ‘quase
cego’. 2) ‘tendências
pouco ortodoxas’. 3) ‘viúvo’
de uma mulher ‘austera e antipática’. 4) tinha
uma confiança cega num ‘amigo íntimo’, que só ele conhecia e que herdaria em
caso da sua morte 70 por cento da sua vasta fortuna. Causa
da morte: 1) envenenamento,
concluiu o médico legista, pelas tonalidades da pele e manchas. 2) cerca
da meia-noite. 3) embora
padecesse de hipertensão e, por isso mesmo, evitasse o sal, esta doença não poderia
ter provocado a morte súbita, já que não deu tempo a Travassos de utilizar o
telefone que tinha no quarto. Móbil
do crime: 1) quem
lucraria com a morte de Travassos? Resposta: os “herdeiros”. – 10 por
cento a dona Maria. – 10 por
cento a Beatriz. – 10 por
cento a Judite. – 70 por
cento o “íntimo”" desconhecido X. 2) impossibilidade
de o assassino ter vindo de fora, dado o ‘sofisticado sistema de segurança’
implantado na casa de Travassos. Inquérito ao
pessoal/herdeiros: 1) todos
os dados coincidem. 2) ‘todas’
estiveram em contacto com a bandeja, sendo que a Judite foi a ‘última’. 3) inquérito
do insp. Alturas às ‘três empregadas’, sentadas alegadamente
‘com compostura’. – Beatriz (cozinheira) ‘apanhando
as chaves do colo’. – Judite ‘apanhou as chaves
do chão depois de baterem no meio das pernas’. – dona
Maria (governanta) ‘levantou do regaço as chaves que lhe voltaram a cair das
mãos’. 4) o
insp. Alturas testou a feminidade das inquiridas,
já que provavelmente terá concluído que o principal suspeito seria o X, que
todos desconhecem. 5) na
realidade, e agindo por instinto, as mulheres de saias tendem a amparar a
queda de objectos no “regaço” ou “colo” abrindo ligeiramente
as pernas, ao contrário dos homens, que as procuram fechar, mas não com os reflexos
tão apurados como os femininos. 6) Judite não só não tinha adoptado uma postura feminina, dado que permitiu que as chaves
passassem por entre as pernas, como não teve o instinto, já que também se
encontrava de saias, de apanhar o objecto em queda.
7) em
causa está a feminidade ou não de Judite, que, na ânsia de atenuar a morte
rápida do magnata, afirmou que este já se encontrava ‘mais debilitado’. 8) na
realidade, há grandes probabilidades de, apesar de ‘alta, elegante e bonita’,
a Judite ser um pretenso José, que poderá ser identificado com o personagem
X, amigo ‘íntimo’ do magnata de tendências ‘pouco ortodoxas’ (homossexual?),
que lucraria não 70 mas 80 por cento da sua fortuna quando morresse. 9) contra
a Judite há ainda o facto de ter entrado ao serviço apenas ‘há alguns meses’
e de Travassos estar ‘quase cego’ e, por isso, não o identificar como o amigo
íntimo. 10) se
se confirmam as tendências pouco ortodoxas de Travassos, não admira que a
falecida esposa fosse ‘austera e antipática’. Conclusão: na minha
opinião, o inspector Alturas suspeita de que o
amigo íntimo e Judite são uma e a mesma pessoa, que é quem mais lucraria com
a morte do magnata. Provou-o, através do
subterfúgio de deixar cair o molho das chaves nos suspeitos, tendo em conta a
teoria da velha adivinha ‘quando é que uma mulher abre as pernas e um homem
as fecha?’. |
© DANIEL FALCÃO |
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