Autor Data 1 de Julho de 2007 Secção Publicação O Almeirinense |
EU VI… Marvel “Eu?
…Não fui eu, não. Garanto-lhe que não fui eu. Confesso que queria roubar, mas
matar?... Matar não, não matei. Mas eu vi... eu vi … Foi ele! Vi tudo...” “Vi-os
entrar juntos. Eles não me viram... eu estava
escondido, ao lado de um móvel. Encaminharam-se para uma secretária.
Falavam... “O
que morreu pegou nuns papéis, que entregou ao outro... Durante alguns
minutos, ele leu-os. Depois, começou a andar para aqui e para ali. Parecia
furioso... gesticulava … gritava...” “O
que dizia? Não percebi nada, nem o que o outro dizia, também. O que estava
zangado chegou-se à secretária, perto do sítio onde eu estava. Estendeu a
mão... Lentamente, voltou-se para o outro. Caminhou para ele... Levava uma
mão atrás das costas e na mão... na mão …
segurava... um corta-papéis...” “Depois...
aproximou-se do companheiro e... espetou-lhe
uma... duas... várias vezes. Depois, olhou
demoradamente para o corpo. Eu só o via de costas, mas, quando ele se voltou,
começou a andar para a janela. E então eu vi-o. O luar batia-lhe em cheio... eu vi-o. É este aqui! Foi ele que matou…” “Sim,
tive medo... Tive medo que me fizesse o mesmo... A cara dele estava
horrivelmente contraída... Encolhi-me mais... esperava
a todo o momento que ele me encontrasse e... estava
horrorizado. Mas ele não me viu... felizmente. E
foi-se embora...” “Eu?... Não!!! Palavra que não fui eu... Eu não sou assassino... sou só ladrão. Ele, sim... foi
ele... eu vi!” Pergunta-se:
O depoente terá falado verdade? Porquê?
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© DANIEL FALCÃO |
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