Autor Data 5 de Abril de 2012 Secção Correio Policial [27] Publicação Correio do Ribatejo |
EU VI… Marvel “Eu?... Não fui eu, não.
Garanto-lhe que não fui eu. Confesso que queria roubar, mas matar… Matar não,
não matei. Mas eu vi… eu vi. Foi ele! Eu vi tudo…!” “Vi-os
entrar juntos. Eles não me viram – eu estava escondido ao lado de um móvel.
Encaminharam-se para uma secretária. Falavam…” “O
que morreu pegou nuns papéis que entregou ao outro… Durante alguns minutos
ele leu-os. Depois começou a andar para aqui, e andar para ali… Parecia
furioso… gesticulava… gritava…” “O que dizia? Não percebi nada, nem o que o
outro dizia também. O que estava zangado chegou-se à outra secretária, perto
do sítio onde eu estava. Estendeu a mão… Lentamente voltou-se para o outro.
Caminhou para ele… Levava uma mão atrás das costas e na mão… na mão segurava…
um porta-papéis…” “Depois…
aproximou-se do companheiro e… espetou-lhe uma… duas… várias vezes. Depois
olhou demoradamente para o corpo. Eu só o via de costas, mas quando ele se
voltou, começou a andar para a janela. E então eu vi-o… o luar batia-lhe em
cheio… eu vi-o… É este aqui. Foi ele que matou…” "Sim,
tive medo… Tive medo que me fizesse o mesmo… A cara dele estava horrivelmente
contraída… Encolhi-me mais… esperava a todo o momento que ele me encontrasse e… Estava aterrorizado… Mas ele não me viu… felizmente. E
foi-se embora…” “Eu?... Não!!! Palavra que não fui eu… Eu não sou assassino… sou
só ladrão… Ele sim… foi ele… eu vi…” Pergunta-se:
O depoente terá falado verdade? Porquê? |
|
© DANIEL FALCÃO |
||
|
|