Autor Data 11 de Junho de 2007 Competição Prova nº 7 Publicação CLUBE DE DETECTIVES |
Solução de: O LADRÃO GENEROSO E O HOMICÍDIO IMPOSSÍVEL M. Constantino Quando o Sete se dirige ao parque,
sabe que não é para encontrar o dinheiro; deseja, apenas, conhecer o sítio
onde ele esteve. A mensagem, para si, é clara: ; raiz da árvore, porque esta
não dava para esconder um saco razoavelmente grande. Qual árvore? A 3ª da 3ª
fila, só pode ser! Claro que não poderia ser 3 metros de profundidade, para o
que seriam necessário tempo e meios de que não dispunha. Se o “Limpeza” queria
esconder o dinheiro em lugar diferente do combinado (e tinha razões para tal
– veja-se a atitude do Soares), tinha de encontrar alternativa rápida –
arrancou a árvore recém plantada, onde a terra ainda estava fofa, colocou o
saco no buraco e a árvore por cima. Só não contou com um trabalhador
demasiado madrugador, apesar de até se ter lembrado de tatuar a mensagem do
local no próprio peito, prevendo a possibilidade de os outros presos lhe
esfolarem o juízo e perder a memória, com tanta pancada! Quanto ao distinguir o
homicídio do suicídio, nas circunstâncias expostas, não tinha grandes
alternativas. Ou encontrava a arma ou descobria o modo como desapareceu (o
facto de não encontrar a cápsula era secundário, pois a arma poderia ser um
revólver), para determinar o suicídio; excluído este (não podendo ser
suicídio), tinha de ser um homicídio – impossível, porém, pois não encontrara
presença de vestígios do autor homicida nem via o modo como poderia ter
escapado, ainda que verificasse todas as hipóteses conhecidas… Mas… quando é que algo é
impossível? Parou! Deixemo-nos de tretas!!! É sempre útil uma paragem para
reflectir. Estava a ser influenciado pelo não visto, em detrimento do visto!
Não podia deixar-se ultrapassar… Viu-se, mentalmente, na rua
estreita, ouviu o Dores fechar a porta e, depois, o tiro! Quem estava
presente, quando a porta foi aberta? O polícia, o idoso, o miúdo pálido… é
isso! Só este esteve em contacto directo com o morto, por detrás da porta,
durante momentos, fora da sua vista! Só ele poderia ter-se apoderado da arma
e, quando saiu, pálido de medo, levava-a junto à barriga! No dia seguinte, quis
mirar-se no vidro da montra, para ver como ficava o xerife!!! Só que,
desajeitado, a arma disparou e todo o mistério se desfez. É preciso dizer
mais? O Sete ainda dá consigo a
visionar um homem cansado, angustiado, acossado como veado pela matilha!
Entra em casa, cerra-se, dá com um aviso sinistro por baixo da porta.
Amarrota, com os dedos trémulos, o desvendar do seu segredo (última
esperança). Percebe, perfeitamente, que os outros tinham descoberto (quando
ela lhes fora transmitida, da prisão) que a tatuagem encobria a localização
do dinheiro, mas não a tinham conseguido decifrar. Seria, para sempre,
vigiado, pois os seus inimigos tinham decidido que, se o dinheiro não era
para eles, também não ficaria para si! Pega na arma e, atormentado, escolhe o
inferno que lhe fora recomendado… |
© DANIEL FALCÃO |
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