Autor

M. Constantino

 

Data

15 de Janeiro de 2009

 

Secção

Mundo dos Passatempos [94]

 

Competição

Torneio A. Raposo

Problema nº 5

 

Publicação

O Almeirinense

 

 

Solução de:

UM, DOIS, TRÊS… E ERA UMA VEZ

M. Constantino

 

Serei breve. Não sou decifrador e apresento uma solução concreta, onde assentam – espero – todos os elementos do enigma. Põe-se a questão: quem matou quem? Não se andará longe de se concluir que a ambição matou a amizade. A morte mais dura!

Entre o bolo único e a necessidade de divisão do mesmo, todos esperariam uma ocasião, que não era fácil no ambiente da cidade, tanto mais que todos usavam disfarces e não se encontravam sem protecção.

Sérgio deu o mote! Com o objectivo de ir buscar o almoço e já preparado antecipadamente, levou Alcino consigo, deixou cair no cimento algo como uma bombinha de S. João e deixou-se cair, apertando o tornozelo com um lenço, onde rebentou um pequeno saco de tinta (onde Alcino vê “sangue”) e pede-lhe para ir buscar auxílio junto de Aleixo, que já deixara o telemóvel na bancada, onde Alcino, talvez por sugestão, deixou igualmente o seu. Depois, na hesitação deste último, indicou-lhe o caminho errado, para que se perdesse na floresta. Entretanto, levantou-se, dirigiu-se ao edifício, utilizou a chave (que mandara fazer, quando lhe entregou as três que estavam na bancada), entrou e, de surpresa, matou Aleixo, usando as luvas de um operário. Largou a chave e luvas. Voltou ao cenário onde se fizera ferido, disparou a arma (enrolada no lenço, para não deixar impressões digitais) sobre a coxa, de modo a não ferir muito; mas a posição da perna enganou-o – esfacelou a artéria, o que lhe provocaria a morte. Entretanto, para completar o seu plano, atirou a arma para a vala próxima.

São detectáveis vários erros de Sérgio: 1º – Só ele poderia ter uma quarta chave, pois, dos três, era o único que acompanhara a obra (e excluímos, por ilógico, alguém de fora); 2º – Quando se diz atingido junto de Alcino, apertava o tornozelo e este tiro verdadeiro foi na coxa; 3º – Não havia decorrido tempo suficiente para, após o ruído do suposto tiro, ele ter tirado o lenço do bolso, enrolado no tornozelo e para o lenço se apresentar já ensanguentado; 4º – Não era realmente sangue que tinha no lenço, mas tinta, à base de fucsina e álcool; 5º – A posição do tiro é de cima para baixo, já que a bala fica no chão, junto ao corpo. Naturalmente que a polícia, para além da mão suja de sangue, deveria ter encontrado nela sinais de pólvora; se o fez, não é dito, mas é uma avaliação para o decifrador.

Duas mortes explicadas.

Quanto à terceira, a explosão que mata Alcino, é uma especialidade de Aleixo, que deixa, aliás, bem evidente a marca de denúncia, nos sapatos com vestígios de cimento – os veículos, ao chegarem, atravessaram cimento húmido, no que ele não reparou, pois Sérgio levou-os por um caminho empedrado até à porta do edifício e não temos conhecimento de que voltassem a sair. Aproveitou a ausência dos sócios para proceder à execução de um deles... que nem deve ter sabido de que morte morreu.

© DANIEL FALCÃO