Autor Data 25 de Novembro de 2011 Secção Correio Policial [8] Publicação Correio do Ribatejo |
Solução de: MORTE PARA UM TIRANO M. Constantino A
questão resume-se em conhecer qual o veneno que, ingerido no mesmo alimento
(salada) pelo coelho e pelo homem, tem a propriedade de conceder a morte a um
e a outro. A
sintomatologia verificada na morte do rei aponta-nos para um veneno à base de
atropina (diminuição de acuidade visual, midríase, secura na boca,
dificuldade de deglutição – rigidez de membros, delírio, coma…) Não
eram conhecidas naqueles tempos as ervas ou plantas que continham essa
substância. Eram usadas em espécie, para os mais díspares exercícios de magia
ou bruxaria, envenenamento, remédio, porque se ignorava a extracção
da essência. Entre
nós sobressaía a mandrágora propriamente dita e a beladona, conhecida então
por mandrágora do monte, por ter os efeitos daquela, mas muito mais fortes.
Só que também existe entre elas mais uma analogia – ambas podem ser ingeridas
pelo coelho, sem prejuízo deste, sendo mortal para o homem; e uma diferença
muito grande – a beladona é tolerada pelo coelho e não distinguível pelo
homem (daí a razão de muitos envenenamentos por acidente), ao contrário da
mandrágora, cujo sabor é amargo e tão mal cheirosa que se torna reconhecível
por ambos. A
conclusão é lógica: envenenamento por beladona! De
resto, a própria bandeira – “coelhinho branco sobre um feixe de mandrágoras
do monte” – contém a “chave” indirecta do problema! Ao
referir-se a mandrágora está a referir-se a beladona, nome aquele por que,
repete-se, era conhecida a beladona – “Strychnos,
mandrágora, erva-moura, furiosa e mortal”. Poderia
indicar-se que o coelho, por instinto, comeu a alface e evitou a mandrágora. Correcto. Simplesmente, pelo sabor e cheiro desta, seria
igualmente evitada pelo rei. |
© DANIEL FALCÃO |
|
|
|