Autor Data 14 de Dezembro de 2014 Secção Policiário [1219] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2014 Prova nº 10 (Parte II) Publicação Público |
Solução de: A CULPA É DA MAÇÃ M. Constantino Se
optou por escolher a segunda hipótese, acertou! Com
efeito, à pergunta sobre se foi um suicídio (opção 3), a resposta envolve
duas negativas, quer em relação à Glória quer à Dina. No
caso da primeira, se a arma se disparou ao cair no chão, como testemunhou
Dina, a bala teria entrado de baixo para cima e muito certo teria atingido o
seio pela parte de baixo, considerando a proeminência ousada e não por cima
do mamilo. De resto ao referir-se no texto que a bala saiu do lado oposto, já
se aproxima da direcção (ainda que grosseiramente)
do disparo; No
que diz respeito à hipótese de suicídio de Dina, não só lhe falta uma
motivação, já que ela se sentia feliz pela proximidade da viagem e casamento
com Alberto, como desconhecia que a maçã estava envenenada, pois
conhecendo-se o carácter do “barão”, não é crível que a informasse da
armadilha preparada para Glória, se bem que cometesse o erro de confiar que,
como de costume, não comentassem entre si as intimidades e emoções. Temos
matéria suficiente para excluir os acidentes (opção 4), se bem que no caso da
morte de Dina poderia taxar-se de acidente (acidentalmente comeu a maçã que
não lhe era destinada) se não resultasse antes de um homicídio involuntário
(a maçã fora colocada com intenções de matar), nada satisfatório para o
autor, pois assim viu-se privado dos milhões da noiva. O facto de não impedir
que Dina comesse a maçã resulta da circunstância de estar, no momento,
sentado com os olhos tapados pelas mãos e só reagiu ao ouvir o grito
estridente, no entanto replicou imediatamente com o engasgamento ou engasgo. Ficamos,
assim, com as duas hipóteses de homicídio: Um homicida? (opção 1); Dois
homicidas? (opção 2); Porque não dois homicídios simples, já que o são?
Porque temos dois homicidas, para dois homicídios, visto que estes foram
praticados por dois personagens diferentes. O primeiro por Dina na pessoa de
Glória, em circunstâncias que só ela poderia esclarecer devidamente, mas que
se presume terem ocorrido na disputa pelo amor de Alberto. Fica-se sem saber
se foi Dina ou Glória que foi buscar a arma, mas tudo indica que foi
disparada por Dina, a distância bastante para não deixar vestígios de pólvora
no corpo da vítima, mas não tão distante que a bala atingisse velocidade para
atravessar o corpo e ir cair longe. Os homens do laboratório certamente irão
às mãos de Dina para encontrar vestígios de pólvora do disparo. Já
a morte de Dina, ainda que involuntária, isto é, na pessoa errada, não deixa
de ser premeditada. Pelas palavras de Glória, transmitidas por Dina, deduz-se
que Alberto depois de “limpar-lhe” o pecúlio através de um negócio e talvez
promessa de casamento, tenha concebido fazê-lo igualmente em relação aos milhões de Dina,
objectivo principal. Glória seria o aperitivo, Dina
o manjar principal. Preparou a maçã envenenada destinada a Glória, o que lhe
permitia esconder a “limpeza” e partir com Dina em cruzeiro, com tempo
bastante para controlar os milhões antes de um acidente ou desaparecimento. O
cheiro a amêndoas amargas e toda a sintomatologia da morte de Dina indicou
envenenamento por ácido cianídrico contido na maçã (provavelmente diluído e injectado em dose forte). Um
presente envenenado na palavra e no facto. |
© DANIEL FALCÃO |
|
|
|