Autor

MDV

 

Data

15 de Outubro de 2025

 

Secção

Momento do Policiário

 

Competição

1º Torneio Policiário Português Suave - Simplex

Problema nº 9

 

Publicação

Blogue Momento do Policiário

 

 

BONS VIZINHOS

MDV

 

Maria Antonieta viveu as sete décadas da sua vida na gelada Upper Península do estado do Michigan, no seio de uma comunidade portuguesa, pelo que aprendera a dar valor aos bons vizinhos. Com um frio de gelar, o seu vizinho Henrique Mendes conseguira ainda assim limpar a pesada neve do caminho de entrada de sua casa esta manhã bem cedo, enquanto ela fazia uma tarte de abóbora, para lhe retribuir o favor. A tarte ainda estava bem quente, quase saída do forno, quando ela decidiu entregar-lha.

Maria Antonieta enfiou os pés num par de botas pesadas, vestiu um casaco grosso de lã e levantou o capuz para tapar a cabeça. Pôs também os velhos óculos, de fundo de garrafa, sobre o nariz, meteu as mãos nas luvas, pegou na tarte e saiu a bambolear pela porta da cozinha. Maria Antonieta avançou com cuidado pelo caminho recentemente limpo e atravessou a rua, confrontando-se com aquele imenso frio gélido da manhã, após ter nevado toda a noite.

Respirando de forma irregular, tocou à campainha de Henrique.

– Bem, não posso deixar a tarte cá fora – disse ela em voz alta.

Maria Antonieta debateu-se com as luvas, mas lá conseguiu girar a maçaneta e abrir a porta.

– Alô, alô! Henrique! Estás aí? – chamou ela ofegante devido ao esforço. Então, resolveu entrar, mas, ao fazê-lo, ficou completamente paralisada.

Estava um homem ajoelhado ao lado do corpo imóvel de Henrique.

O homem virou-se, olhou-a fixamente, pelo menos foi o que lhe pareceu pelo movimento, durante vários segundos e depois correu pela porta da cozinha, fugindo.

Quando finalmente a ambulância e o xerife chegaram à cena do crime, Maria Antonieta disse-lhes o que sabia.

– O Henrique Mendes foi atacado – explicou ela, numa voz fraca.

Quando o xerife a pressionou para que fizesse uma descrição do atacante de Henrique, Maria Antonieta não conseguiu descrevê-lo bem, ao que o xerife estranhou bastante…!

 

No entanto estaria Maria Antonieta a falar verdade ao xerife … e porquê? Fundamente a sua resposta!

 

 

© DANIEL FALCÃO