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Autor Data 15 de Novembro de 2025 Secção Competição 1º
Torneio Policiário Português Suave - Simplex Problema nº 10 Publicação Blogue Momento do Policiário |
ESTRANHA PESCARIA MDV A melhor hora
para pescar é de manhã pensou Borralho. Ele sempre fora madrugador e, àquela
hora, não havia muito mais que fazer, a não ser pescar por ali nas redondezas.
Não havia mais ninguém ali, além dele e dos peixes. A sua única
competição seriam os jacarés, e Borralho era mais esperto do que eles, assim
o julgava. Borralho rolou
para fora da cama, tirou um sumo do frigorífico e enfiou os seus velhos
sapatos de vela. Entre sair da cama e entrar no barco, passaram-se cerca de
dez minutos. São precisos anos de prática para alguém ficar pronto para a
pesca tão depressa. O céu do verão
estava iluminado num tom suave de azul. Borralho pensou
que vivia, de facto, no paraíso, e talvez vivesse mesmo no melhor sítio da Terra.
De que mais precisava uma pessoa? Além de pequeno-almoço, claro. Borralho tornou
a lançar a linha para os densos canaviais. Ao longo dos anos, tinha apanhado
ali muito peixe de bom tamanho. Um peixe mordeu, Num instante, Borralho puxou
a linha para fixar o anzol e começou a lutar com o peixe. – Caramba, este
deve ser enorme! – disse ele em voz alta, para os
pássaros. Depois disso, o
peixe não se debateu muito, mas, ainda assim, Borralho teve alguma
dificuldade em puxá-lo, porque o peixe estava sempre a ficar preso nas ervas.
De olhos fechados e a salivar de antecipação, Borralho deu um último puxão e
içou o troféu para o barco. – Que raio? – O
inesperado troféu que ele agora tinha no meio do barco era um braço humano
bem cortado. – Um dos velhos Jacarés, que por ali andavam e que eram já bem
conhecidos, voltou a atacar – disse Borralho. E voltou para casa de imediato
para ligar à Polícia. Os jacarés por
ali naquela zona, eram já culpados pela morte de
três homens, no sapal. Mas, quando o
Chefe Marçalo chegou, bastou-lhe olhar uma vez para o braço para telefonar de
imediato para o médico legista. O braço tinha sido cortado pelo ombro. No
antebraço, via-se um coração duplo, tatuado, onde se liam os nomes «Silvestre
e Noémia». – Aquilo não
foi uma dentada de jacaré. Borralho. Nem pensar. Estamos é perante um caso de
homicídio. Como é que o
Chefe Marçalo sabia que o braço não tinha sido arrancado por um jacaré? Justifique …! |
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© DANIEL FALCÃO |
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