Autor

Medvet

 

Data

21 de Março de 2010

 

Secção

Policiário [974]

 

Competição

Campeonato Nacional e Taça de Portugal – 2010

Prova nº 2 (Parte II)

 

Publicação

Público

 

 

Solução de:

O CASO DE JOSITA CORLI

Medvet

 

A resposta correcta é B.

Não foi suicídio. Uma rapariga bonita – e que sabe que o é, usando essa beleza para atingir os seus fins – não vai suicidar-se com um tiro na cara: recorde-se que o sucedido não era nada bonito de se ver. Josita gostaria que a lembrassem bela e não iria matar-se desse modo; usaria veneno, por exemplo.

Por outro lado, ela não tinha motivos para se matar. Aquele comentário poderia ter apenas a ideia de se desembaraçar de um namorado inoportuno, ou seja Perita. “Acabar com tudo” poderia indicar “acabar com Ramon”. Não há carta de suicídio nem sinais de violência.

O suspeito mais provável é Ramon Perita. Francisco Peres não tinha motivos para matar a moça. Já o namorado afirmara que não gostava de a ver com outros homens; e diz que a rapariga lhe prometera deixar de “fazer olhinhos”, mas as declarações de Peres não corroboram isso; antes, dão mais a ideia de que ela estava a pensar terminar a relação.

É possível que ele a fosse ver no domingo para “esclarecer” a situação e fingisse acreditar na explicação que ela lhe deu. Hábil a esconder os seus sentimentos (“água silenciosa é a mais perigosa”) podia ter levado a arma já com a ideia de a matar se as suas suspeitas tivessem fundamento; talvez lhe mostrasse o revólver para se defender dos assaltos, isso explicaria porque a moça não mostrava sinais de surpresa/terror (o que indica que a vítima conhecia o assassino, já que não é muito crível que se matasse dessa forma, haja em vista o seu temperamento/carácter). Ela segurara a arma para “experimentar”, por exemplo, e ele talvez indo por trás da rapariga (que estava sentada) e obrigou-a dobrar o pulso e carregou no gatilho, disparando o revólver. A bala atravessaria a parte inferior da cara, destruindo-a. Deste modo, só haveria impressões dela na arma. Depois, o homem só teria de sair de casa, deixando a porta trancada. Mas esqueceu-se de apagar a luz, o que indicou ao Inspector que a vítima fora morta ainda de noite (o que a autópsia confirmou) e que estava ainda a pé.

Confrontado com os factos, Ramon Perita confessou.

© DANIEL FALCÃO