Autor Data 1 de Fevereiro de 2007 Secção Competição Prova nº 6 Publicação O Almeirinense |
UM CRIME MISTERIOSO M. F. Correia Abril
de 1933. Segundo dia do mês… Os
campos achavam-se cobertos de verdura. As árvores cobriam-se de flores. A
Primavera sorria… O
detective Rodriguez, da polícia espanhola, partia
para uma sossegada aldeia, afastada algumas dezenas de quilómetros de Madrid,
para onde ia descansar dos seus múltiplos afazeres. Treze
dias depois, quando voltou à capital espanhola, chamado, urgentemente, pelo
seu chefe, encontrou os colegas embaraçados com um crime perpetrado na
véspera: um riquíssimo banqueiro tinha sido assassinado no seu gabinete de
trabalho, com um tiro no coração. O móbil do crime deveria ter sido o
dinheiro, porque o cofre se encontrara aberto e vazio. O
chefe tinha-o chamado, porque sabia ser ele o melhor detective
do grupo e o homem capaz de deslindar aquele misterioso assassínio, sem
muitas delongas e também sem menosprezo para com os restantes. Por
isso Rodriguez se dirigiu para o palacete do banqueiro, onde examinou,
pormenorizadamente, o local do crime. Como nada mais aí encontrasse de
anormal para a solução do imbróglio, resolveu interrogar os que viviam com o
banqueiro: um sobrinho, um primo, um mordomo e uma cozinheira. O
primeiro do grupo a depor, o sobrinho, disse: “À hora a que se deve ter dado
o crime, estava com uns amigos, no clube. Só quando cheguei para almoçar é
que soube do sucedido. Lamento, mas nada mais posso esclarecer.” O
segundo depoente, o primo da vítima, e que vivia, como o sobrinho, à custa
daquela, disse: “Estava ainda deitado, quando me pareceu ouvir um tiro; mas,
como não tinha a certeza, não fiz caso. Só passado algum tempo, o mordomo,
trémulo e muito pálido, me informou do sucedido.” O
mordomo falou, por sua vez: “Estava a limpar o pó de uns móveis no salão,
quando ouvi um tiro, vindo do gabinete de trabalho. Fui o mais depressa
possível e encontrei o meu amo recostado no cadeirão, com a camisa cheia de
sangue; a seguir, verifiquei que estava morto. Fui, depois, ao quarto do sr. José (o primo) e contei-lhe o acontecido. Telefonámos
ao médico e à polícia. Mais nada sei explicar.” Por
fim, a cozinheira, de meia-idade, muito mais nova do que o mordomo, rosto
enérgico mas belo, continha, a custo, as lágrimas, contando, com voz
entrecortada pela emoção, o seguinte: “Só quando voltei dos ‘Grandes
Armazéns’ soube da desgraça. Pobre patrão! Ainda ontem, de manhã, me mandou,
todo contente, ao Banco, entregar um convite para o seu irmão não se esquecer
do jantar do próximo aniversário. Por sinal, como não estava, nem entreguei o
convite. Está lá dentro.” Rodriguez,
que, antes, se mostrava aborrecido, começou a ficar de melhor cariz. E,
depois de acabar o seu trabalho, já quase sorria! É que ele tinha uma ideia,
quase certeza, porquanto… Bem… Os
dados estão todos ali. Leiam outra vez; e mais outra, se necessário. Busquem,
porque o tempo é o grande mestre! Respondam
às perguntas: 1
– Houve crime? Se sim, quem foi o criminoso? 2
– Por que pensa assim? |
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© DANIEL FALCÃO |
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