Autor Data 15 de Novembro de 2006 Secção Competição Prova nº 2 Publicação O Almeirinense |
O CASO DO SENHOR REIS M. Fernandes Na
tarde quente, a água fresca murmurava, pardamente,
procurando o caminho do lago. Risos, tilintar de
copos, música… era este o ambiente do jardim. Um
carro parou frente ao jardim e tornou a avançar pela larga alameda sombreada
pelas tílias, para de novo parar e dele sair o célebre Inspector
Moisés. Era elegante e gordo o astuto criminalista, tão querido do público. Avançou,
distribuindo cumprimentos e sorrisos à direita e à esquerda e, em breve,
viu-se rodeado de grande grupo. Como sempre, pediam-lhe para contar as suas
aventuras. Desta vez, porém, Moisés esquivou-se com uma inocente mas
habilidosa mentira: – Hoje, não tenho nada de interessante a contar-vos
(disse), mas sei de quem o poderá fazer. Procurem o João Reis e ele vos
contará um caso interessante. Os
assistentes deixaram-no, após inúteis protestos, e foi com porfiados esforços
que encontraram o extravagante milionário João Reis, rival de Moisés. Após
o pedido, o milionário, espantado, balbuciou: – Aquela história que disse o
Moisés? Mas… como sabe ele? Eu não lhe disse nada… foi partida, foi partida!
Mas vendo o milionário que não o deixavam, viu-se obrigado a contar: –
O caso deu-se assim. Eu estava em Londres e, um dia, resolvi tirar a limpo o
facto de um criado – o Jorge – me roubar. Fingi que saí e escondi-me numa
pequena sala-escritório que possuía e onde estava o cofre. Quando
entrei, a única lâmpada da sala estava acesa e, ligado à própria lâmpada, um
rádio tocava, desalmadamente, um swing! Dei a volta
ao comutador e imediatamente a sala ficou apenas iluminada pela claridade
ténue que saía do quadrante da telefonia. Escondi-me atrás da porta e
esperei. Vi entrar o ladrão e sair com 2000$00. Depois, fui-me a ele e…
mandei-o prender. Tinha
terminado Reis de contar a aventura, quando se ouviu uma gargalhada
zombeteira e Moisés dizer: – Foste apanhado, meu mentiroso! A tua história é
inverosímil – tem duas grandes faltas! Não, não protestes. Os leitores de “O
Almeirinense” vão dizer-nos: 1
– Quais são as duas faltas da história do Sr. Reis? 2
– Por que pensa assim? |
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© DANIEL FALCÃO |
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