Autor

Mister H

 

Data

18 de Abril de 1999

 

Secção

Policiário [406]

 

Competição

Torneio “Detective Rápido"

Prova nº 6

 

Publicação

Público

 

 

SANGUE NO CHÃO

Mister H

 

Ainda eram 7 horas, quando o telefone tocou na casa de João Cascácio um elemento da brigada de homicídios. O assunto era o do costume: um homicídio. De imediato, saiu de casa em direcção ao número 54 da Rua das Cascácias, local onde ocorrera o crime. A vítima era um homem ânglico de meia-idade, banqueiro. Fora encontrado pela mulher que lhe fazia a limpeza da casa, que, ao estranhar a inexistência de resposta ao bater da porta, decidiu espreitar a uma janela daquele rés-do-chão e viu o corpo.

A vítima estava estendida no chão do quarto, com sinais de espancamento, mas a provável causa de morte fora uma bala cuja cápsula fora encontrada junto à porta, enquanto a arma de onde provavelmente saíra o disparo estava junto ao corpo. Mas, diria mais tarde o relatório do médico legista, a morte não fora imediata. A arma e toda a casa encontravam-se limpas de impressões digitais e, com excepção do quarto, o resto da habitação encontrava-se arrumada e sem sinais de luta ou discussão. No entanto, no quarto, encontrava-se escrito no chão ID com sangue…

Quanto à hora da morte, fora cerca das 22h do dia anterior, e o homem fora visto vivo pela última vez às 17h desse dia, quando fora comprar o jornal ao quiosque que se situava a 100 metros da sua casa.

De entre os inimigos da vítima, quatro destacavam-se: Hélio Dias, Sidney Francis, Heidi Bayer, Ana Leal.

Hélio Dias era um recém-libertado de um estabelecimento prisional, e a sua ligação ao assassinado vinha de há cinco anos, quando, ao tentar assaltar um banco, fora surpreendido pela vítima. Esta imobilizara-o com um tiro numa perna, que o deixara coxo para o resto da sua vida. Desde então, ameaçava vingar-se.

Sidney Francis era um amigo de infância do morto, mas deixou de o ser quando um dia o banqueiro denunciou às autoridades que Sidney Francis pretendia desviar fundos do banco e fugir para longe. Como resultado disto, Francis teve de se esconder por algum tempo, mas agora já podia andar livremente, pois o seu caso tinha-se resolvido favoravelmente.

Heidi Bayer era uma cidadã alemã que também fizera ameaças à vítima, o motivo sempre fora um pouco obscuro, mas desconfiava-se de algumas querelas envolvendo o mercado negro.

Ana Leal era uma ex-empregada no banco da vítima, que a havia despedido por razões não explícitas. Ana Leal sempre dissera que era porque não aceitava realizar os desvios que o patrão ordenava, mas em tribunal nada disso foi provado e ela caiu em desgraça.

A acção inicial de Cascácio foi mandar procurar os quatro suspeitos…

Passados alguns dias, João Cascácio já tinha os relatórios de todos os interrogatórios.

Hélio Dias alegou que no dia anterior se tinha levantado cedo, para ir arrumar carros para um parque no centro de Lisboa e que aí havia ficado até à hora do almoço, momento em que foi ter com um amigo ao Casal Ventoso, com quem terá almoçado. Após o almoço, andou por Lisboa com esse mesmo amigo, até por volta das 21h, a partir daí esteve num bar a comer tremoços e a beber cerveja até às 24h.

Sidney Francis foi encontrado no aeroporto prestes a apanhar um avião para Gatwick, mas a força do destino foi tal que o seu avião foi adiado para a sexta-feira seguinte. Mas, retomando o interrogatório, Sidney disse que havia passado a manhã a dormir no hotel, e que fora almoçar com a sua esposa, e depois tinha ido ao Colombo com ela e aí terá passado a tarde, até à hora em que se dirigiu para uma reunião com os seus clientes, onde esteve até às 24h.

Heidi Bayer foi encontrada num bar alemão acompanhada do seu namorado, com quem alegou ter estado todo o dia anterior: estiveram em casa toda a manhã e saíram para almoçar. Às 15h, dirigiram-se para o Estádio da Luz, estando nas redondezas até à hora do jogo. Após este, foram para um restaurante na Baixa, seguindo-se uma noite a correr as discotecas lisboetas.

Ana Leal disse que passara a manhã na aula de aeróbica, após a qual foi almoçar com os seus pais. Passou a tarde num dos seus passatempos preferidos pintar a paisagem do rio Trancão.

Qualquer um dos suspeitos podia ter realizado o crime e todos tinham seus motivos e os interrogatórios foram inconclusivos, pois a única que não tinha álibi era Ana Leal, enquanto os outros álibis (que confirmaram o que os suspeitos disseram) eram tão credíveis como um cego que jura ter visto o Elvis.

João Cascácio voltou a rever todas as pistas disponíveis e, então, fez-se-lhe luz.

O criminoso era:

 

a) Hélio Dias

b) Sidney Francis

c) Heidi Bayer

d) Ana Leal

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO