Autor

Molécula

 

Data

2 de Fevereiro de 1990

 

Secção

O Detective - Zona A-Team [90]

 

Competição

Torneio Sintimex

Problema nº 2-A

 

Publicação

Jornal de Almada

 

 

HISTÓRIAS DA PESCA

Molécula

 

Passou-se num Verão, num Café situado num dos bairros da cidade de Évora. Foi num sábado de tarde que me desloquei a este bairro estando um calor abrasador, pois o termómetro permanecia a 42o.

Entrei no café, sentei-me a uma mesa e mandei vir um refresco; fui saboreando o sumo olhando pela montra os transeuntes. Até que me apercebi de uma conversa entre dois conhecidos meus que estavam na mesa do lado.

Dizia o José ao velho João: – Sabes, fui pescar no Domingo e pensei convidar-te para manhã irmos até ao Guadiana. Estou desejando o dia de amanhã, pois, a semana passada foi uma pescaria em grande, daquelas que entram na história das nossas pescarias.

– Olha, dizia o José, partimos cedo, cerca das 6 horas da manhã, já era dia ali para os lados de Mourão. Um lindo dia sem uma nuvem, o calor era muito, talvez mais de 40o.

Chegámos à doca onde estavam ancorados vários barcos, alguns até de grande porte; lá estava o Tio Pedro com o seu barco; depois dos cumprimentos lá fomos tirando a equipagem do carro e carregando no velho rabelo, uma adoração do Tio Pedro. Fizemo-nos ao rio, navegámos para montante ao sabor da corrente. É um rio magnífico com bela vegetação donde sobressaem os embondeiros, árvore com melhor implantação na região.

No local onde o rio separa o território português e o espanhol, começámos a pescaria… o peixe até parecia doido, eram bogas, carpas, barbas, corvinas, pimpões e bordalos, tudo em quantidade e alguns até eram grandes exemplares.

Quando nos deslocávamos para preparar o almoço apareceu o guarda da venatória a pedir-nos a documentação. É claro, todos os amigos tinham. Foram fiscalizadas as licenças de uso e porte de arma e a vacina contra o paludismo. Como estava tudo em ordem, prosseguimos para o almoço onde comemos uma boa caldeirada. O frango, então, estava uma delícia. O Tio Pedro habituado ao rio fez uma caldeirada que era de comer e chorar por mais.

O velho João, no entanto, interrompeu o conto do José para perguntar se não tinham tido medo de andar no meio do rio. Logo o José respondeu que não, o maior problema era se aparecessem as piranhas, mas não houve azar, o barco é de construção antiga, mas aguenta.

Voltámos à segunda parte, depois do almoço; na margem espanhola lá andavam os gendarmes e, segundo soube, andavam à procura de uns caçadores furtivos que têm dizimado as focas; as coitadas ainda há bem poucos anos contavam-se em milhares e agora estão reduzidas a poucas espécies, talvez mesmo em vias de extinção.

Eu, que ouvia a narração do José, já não podia mais, levantei-me da cadeira e aproximei-me da mesa; pedi desculpa por me intrometer na conversa e disse ao velho João: – Caro amigo, não sei se reparou no quadro afixado ali na parede, mas não será demais lembrá-lo… diz ali que nesta casa se reunem pescadores, caçadores e outros mentirosos.

 

O que teria detectado o policiarista «Molécula» nesta conversa de café. Vamos ver quem sabe?

Pede-se:

1) – Que todos os decifradores indiquem o maior número de erros e/ou contradições existentes nesta conversa de café.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO