Autor Data 1 de Novembro de 1979 Secção Mistério... Policiário [241] Competição TORNEIO
“4 ESTAÇÕES 79” | MINI C - VERÃO 79 Problema nº 1 Publicação Mundo de Aventuras [317] |
Solução de: O ENIGMA DO QUARTO FECHADO… Mota Curto O
que se passou foi o seguinte: O
criminoso (que em princípio, nunca saberemos quem foi) sabia que José Morgado
teria nessa noite em sua posse, larga quantia de dinheiro. Portanto,
limitou-se a segui-lo cuidadosamente, estando consequentemente ao corrente de
todos os seus movimentos. À
noite aproximou-se da casa onde estava José Morgado e o guarda Costa, e
espreitou pelo vidro da porta da rua. Ao fundo do corredor viu o guarda que
caminhava lentamente e em círculos debaixo da lâmpada acesa. Como é óbvio, era
muito mais fácil o criminoso observar o guarda, uma vez que este tinha uma
lâmpada acesa mesmo por cima, do que o guarda vê-lo a ele. O que, aliás, era
quase impossível dada a distância e a luminosidade. Como sabemos, a única
lâmpada acesa era a que estava por cima do guarda! E assim foi. Cuidadosamente
o criminoso foi espiando o guarda. Até que este adormeceu. Depois de esperar
um bom bocado, e com ajuda de uma chave-mestra, um arame, uma chave de
fendas, ou qualquer outro utensílio, abre a porta da rua com o maior dos
cuidados, penetrando no corredor, depois de encostar a porta. As suas solas
de borracha permitem-lhe avançar silenciosamente pelo corredor até à porta do
quarto. De pistola, equipada com silenciador, apontada ao guarda adormecido,
o criminoso abre cuidadosamente a porta do quarto. Logo a luz da lâmpada do
corredor penetra no referido quarto, iluminando José Morgado e a pasta que
continha o dinheiro. Depois de se certificar do sono do guarda e da futura
vítima, entra cuidadosamente no quarto. Aproximando-se de José Morgado
dispara dois tiros que o matam. Puxa o cobertor e tapa-o. Eram 4 horas e 20
minutos. Depois de apanhar, os cartuchos das balas, agarra na pasta com o
dinheiro e sai do quarto, fechando a porta devagar. O guarda continua a
dormir. Com a pistola numa mão e a pasta na outra, o assassino percorre,
lentamente os dez metros que o separam da porta da rua. Depois de sair fecha
cuidadosamente a porta. À vontade, dirige-se para o seu carro, estacionado a
cerca de duzentos metros. Mete a pasta lá dentro e volta para trás.
Esconde-se nuns arbustos, perto da porta da rua e espera. Passados cerca de
25 minutos e vendo que nada de anormal tinha acontecido. Até a rua era tão
deserta que ninguém por ali tinha passado… o assassino, continuando de luvas
pretas e pistola equipada com silenciador, dirige-se à porta da rua e
espreita através do vidro. O guarda continuava a dormir… Pela segunda vez, a
porta é aberta. O criminoso tira o silenciador da arma, fecha a porta quase
toda, deixando apenas uma fresta de poucos centímetros. Aproxima a arma da
pequena abertura da porta e dispara para o ar. Espreitando pelo vidro vê o
guarda levantar-se de um salto e entrar no quarto. Em seguida fecha
silenciosamente a porta da rua, apanha o cartucho do chão, tal como fez no
quarto quando matou José Morgado, revelando portanto a preocupação de não
deixar indícios. Depois, caminhando pelas sombras, dirige-se a passos largos
para o seu carro, de onde arranca sem fazer muito barulho de modo a não levantar
suspeitas a alguém que eventualmente estivesse a vê-lo. Tratava-se,
portanto, de um assassino profissional que revestiu a sua acção
dos maiores cuidados, deixando inclusivamente pistas falsas. Poder-se-ia
perguntar qual a razão por que o criminoso não matou o guarda? Não o matou,
precisamente para o incriminar. Não o matando fazia dele o principal
suspeito. No
que diz respeito à reacção do guarda quando acordou
com o ruído do tiro, parece-me perfeitamente natural. O guarda tendo
adormecido, ao ouvir o tiro não teve a noção da sua proveniência e o seu
primeiro pensamento, quase instintivo, foi entrar no quarto. É natural,
parece me a mim. O tiro, deve ter-lhe soado como um
despertador infernal que lhe lembrava a sua falta (ter adormecido) e
possivelmente as suas consequências. Daí o seu «salto» para dentro do quarto
de «pistola em punho», sem pensar em mais nada. |
© DANIEL FALCÃO |
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