Autor

Mr. Dartur

 

Data

3 de Maio de 1957

 

Secção

O Gosto do Mistério [7]

 

Competição

Torneio Policiário da Flama

Problema III

 

Publicação

Flama [478]

 

 

 

 

 

 

 

Solução de:

ALARME NA ZONA D

Mr. Dartur

Solução apresentada por Inspetor Moisés

– O depoente teria falado verdade?

– Não. As razões desta negativa, seguem descritas na resposta à pergunta seguinte.

– Qual a solução que Marcos teria dado?

– Provando que o depoente mentia, sendo falsa, portanto, a história que contou à polícia ter-lhe-á dado imediata voz de prisão, para responder pelos crimes cometidos: Assassinato – Roubo – Falsas declarações. Reconhece-se que as suas declarações jamais podiam ser o reflexo dos factos que contou, porque – declarou:

A.) – «O meu amigo… voltou-se…» – portanto, a bala tê-lo-ia atingido nas costas. Mas, na realidade, ela entrou-lhe pelo peito…

B.) – «…para empunhar uma pistola que estava oculta…» – portanto, que ali devia existir. Mas, na realidade, o detective não encontrou qualquer arma, pelo menos não se faz qualquer alusão a ela…

C.) – «…um dos mascarados entrou sem nós sentirmos…» – e após o trabalho – «…O homem aproximou-se da saída, recuando…». Mas, na realidade, até o detective para entrar teve que curvar-se pela pequena porta do balcão. Quer à entrada quer à saída, o ladrão podia ter sido batido, quando a transpunha. E, claro, a porta de entrada do Banco, não se pode crer que estivesse aberta e à disposição de qualquer «mascarado».

D.) – «…estavamos a fazer serão quando um automóvel negro ali parou…». Quer dizer: «viu» chegar o automóvel – mas os ladrões, aliás o ladrão, nem sequer o sentiu entrar…

E.) – «…que o estabelecimento bancário fora assaltado por dois ladrões…». Mas, pergunta-se: Como teria visto o segundo, se não saiu de dentro do balcão, donde não tinha qualquer visibilidade para o exterior, não só por causa da divisão envidraçada e do seu consequente reflexo da luminosidade das lâmpadas, como também por estar envolto num campo iluminado – e lá fora ser escuro?!

F.) – «…nem tive forças para me aproximar dele…» No entanto, alguém lhe mexeu depois do tiro, visto que, naquela posição, só era possível atingi-lo no peito, disparando de fora do balcão – e ele disse, que fora quando o ladrão esvaziava o cofre…

G.) – «…De súbito, ecoou um tiro…» – o que, no silêncio da noite, teria dado de facto um bom eco. Apesar disso, porém, diz que o «assaltante» continuou a recolher o dinheiro – e, naturalmente à espera que alguém aparecesse, por ter ouvido o tiro…

© DANIEL FALCÃO