Autor

Mr. Jartur

 

Data

14 de Junho de 1956

 

Secção

Quem Foi?

 

Competição

Torneio do Dr. Aranha

XIX Problema

 

Publicação

Mundo de Aventuras [357]

 

 

Solução de:

COBARDIA CRIMINOSA

Mr. Jartur

Apresentada por Eugénio Martins Silva

1) – O carro conduzido pelo culpado era o «MORRIS» modelo Eight, Matrícula IB-19-35.

2) – Cheguei a esta conclusão após ter atentado nos pormenores que se seguem e que nos dão a indicação segura do culpado do desastre:

A única testemunha do sinistro, que seguia de bicicleta pela berma da estrada, no decorrer do seu depoimento afirma que o condutor do carro que ocasionou o fatal acidente, uma dezena de metros depois de passar por ele, a toda a velocidade, havia lançado fora uma ponta de cigarro e que ele, por instinto, havia seguido a trajectória daquele corpo luminoso, que realçava na escuridão da noite, até cair no areal que ladeava a estrada do lado por onde ele seguia.

Ora como ele ia pela sua mão, temos que o carro tinha o volante à direita, visto que foi para essa banda que o condutor arremessou a ponta do cigarro, pois não é natural que um indivíduo que vai ao volante de um automóvel, a fumar, atire no final o cigarro pela janela do lado contrário…

Se o volante fosse à esquerda, era para o meio da estrada que ele lançaria a ponta do cigarro, o que não sucedeu, como já se viu.

Porém ainda existe outro pormenor, além deste, que nos indica ter o carro o volante à direita:

A estrada, no local onde se deu o funesto acidente, descreve uma curva no sentido SUL-POENTE, isto é, no sentido em que seguia também o automóvel. Assim, o lado direito da estrada nesse sentido era o da periferia, e, por conseguinte, um automóvel que vá a grande velocidade, ao descrever tal curva, nesse sentido, tende a deslizar para o lado de dentro (banda esquerda da estrada), se tiver o volante à direita e a sair do seu leito e a despistar-se, se, pelo contrário, tiver o volante à esquerda.

Ora como o desastre se deu na beira interior da curva, concluímos que deveria ter sido ocasionado por um carro que tivesse o volante à direita e esse não há dúvida que é o MORRIS.

Este veículo, na verdade, é possuidor de estabilidade suficiente para, embora em corrida vertiginosa, conseguir travar sem se despistar, embora vá derrapando durante segundos. Além disso é provido de suspensões macias que fazem uma grande chiadeira ao travarem de repente.

Temos ainda de reparar que o «Wolkswagen» citado no problema não poderia ter sido o automóvel conduzido pelo cobarde «chauffeur», dado que o n.o 72 não existe ainda como o 1.o número da matrícula, que vai apenas em 23, o mesmo se verificando com o n.o 25 da matrícula do Dodge, modelo De Luxe, e que o «Renault» não possui volante à direita.

© DANIEL FALCÃO