Autor

Mr. Jartur

 

Data

2 de Agosto de 1956

 

Secção

Quem Foi?

 

Competição

Torneio dos “Produtores”

XIII Problema

 

Publicação

Mundo de Aventuras [364]

 

 

ACONTECEU A BORDO

Mr. Jartur

 

Ao encontrar o corpo o criado de bordo gritou, alarmado, e imediatamente acudiram todos os que na embarcação ouviram os seus gritos aflitivos.

Instantes depois chegava ao local o médico de bordo que confirmou a morte da linda professora, declarando que ocorrera cerca das três horas da madrugada.

O capitão do veleiro participou o caso às autoridades policiais do porto mais próximo, sendo acompanhado a bordo, no regresso, por um sargento, que se encarregaria das primeiras diligências, até à chegada do jovem investigador Marcos Dias, convidado a Investigar o estranho caso.

Só à tarde, ao regressar dum passeio, o jovem detective foi informado da ocorrência, dirigindo-se imediatamente para o cais. Eram sete horas quando ali chegou. As águas da maré, no máximo da sua altura, ondulavam à superfície da margem, varrida por pequenos maroletos.

Entre o veleiro e o cais estendia-se uma estreita passadeira de madeira, sem quaisquer parapeito, e suportada por carcomidas estacas. Com passo ágil e cuidadoso, Marcos atravessou-a, sem se preocupar com a água que lhe lambia os sapatos. Trepou os quatro metros de escada que o separavam da coberta, e aqui foi recebido pelo capitão, que logo o conduziu ao beliche, onde o drama se desenrolara. O sargento franqueou-lhe a entrada. Ao olhar demoradamente o interior do compartimento, Marcos ficou fascinado e perplexo. Sobre um acanhado leito, estendido e semi-coberto por fino tecido, encontrava-se, sem vida, o corpo duma esbelta e formosa mulher. Apesar de morta, seu rosto apresentava traços de rara beleza, e não desmentia a sua origem italiana.

Marcos abeirou-se do corpo e concentrou-se, acto contínuo no orifício da balar Depois, vagueou o olhar pelo camarote. Este tinha a altura dum homem de estatura regular, e o convés servia-lhe de cobertura. O leito estava junto do costado da embarcação, em frente da porta, tendo à cabeceira uma escotilha, da qual o jovem investigador se aproximou. Estava aberta, e à altura do seu rosto. Olhando o exterior, observou cuidadosamente o prolongamento do cais, que se encostava ao barco, na perpendicular da escotilha. No puxador da porta, apenas foram encontradas as impressões digitais da morta e do criado.

Com todas as suas investigações o jovem Marcos apurou que:

– Exceptuando o criado, nenhum outro tripulante ou passageiro era suspeito.

– Dos quinze excursionistas que seguiam viagem, todos professores de um colégio italiano, apenas quatro haviam dormido a bordo, na noite do caso. Os restantes tinham pernoitado num hotel.

– Mariella, assim se chamava a vítima, estivera com seu noivo, Giovanini, e o capitão, conversando no convés até cerca das duas da madrugada. Antes de se recolherem, chegou Walter, que saíra do barco, a fim de visitar os diversos estabelecimentos de diversão nocturna, regressando embriagado.

– Alegando não poder descansar convenientemente no interior do barco (o calor era sufocante), Carlos subira à coberta, disposto a adormecer ali.

– O capitão e Giovanini partilhavam do mesmo camarote, onde estiveram conversando ainda algum tempo.

– Um pescador que por ali passara, entre as duas e as três horas, afirmou ter visto um homem sobre o pontão de madeira.

Marcos dirigiu-se ao hotel e ali disseram-lhe que antes das duas horas os hóspedes estavam recolhidos, à excepção do ocupante do quarto 39, que só regressou às três e meia. O hóspede chamava-se Renato, e estivera noivo da professora.

Satisfeito, Marcos voltou para bordo e olhou uma vez mais o corpo da infeliz rapariga. Uma cólera muda agitou-o por momentos, e lembrou então o juramento que fizera de lutar contra os criminosos que roubam ao mundo o que ele tem do mais belo, sacrificando a sua própria liberdade.

E acusou um dos presentes a bordo, que, pouco depois, desembarcava sob prisão.

 

PERGUNTA-SE:

1) Quem foi o culpado?

2) Porque pensa assim?

3) Como se deve ter passado o caso?  

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO