Autor

Mr. Jartur

 

Data

10 de Janeiro de 1957

 

Secção

Quem Foi?

 

Competição

Torneio de Preparação

V Problema

 

Publicação

Mundo de Aventuras [387]

 

 

Solução de:

TRAGÉDIA NO CIRCO

Mr. Jartur

Apresentada por Juve

1) Houve, de facto, homicídio.

2) Pelas falsas declarações do marido da vítima, sou obrigado a considerá-lo culpado.

O guarda quando espreitou pelas fendas do tapume, só viu o corpo da mulher caído, tendo-se passado algum tempo quando se abriu uma porta e alguém gritou por socorro. Ora não foi o que declarou o «malvado» a Marcos, porque, em determinada altura, afirmou: «Eu deslizei velozmente com Dina agarrada a mim, quando em dado momento ela se desprendeu, sem que a minha descida fosse interrompida». Ora se assim acontecesse, o cívico por força que deveria notar o homem junto cio corpo da vítima, ou pelo menos correr para pedir socorro, o que só sucedeu instantes depois. Temos que considerar quase impossível a maneira como ele diz ter deslizado na corda, sem se queimar nesta, pois é sabido que um corpo à velocidade como ele declara, e para mais com o peso da companheira, forçosamente tem de apresentar vestígios de queimadura, pelo atrito. E ele nem sequer apresentava uma beliscadura! Há ainda o facto de Dina ser uma acrobata de sangue frio a toda a prova, e, portanto, quando da queda, podia ter-se agarrado à corda. Assim, ele mente quando afirma ter descido a corda a grande velocidade, sem ter sequer uma arranhadura.

3) O caso deve ter-se passado assim:

Os dois artistas ensaiavam um novo número arriscadíssimo, que proporcionaria a Dina mais um estrondoso êxito. Era a sua coroa de glória. Como geralmente acontece, um marido não gosta que adulem aquela que lhe pertence e que o releguem para segundo plano, pelo que premeditou desfazer-se de Dina, para só ele recolher aplausos e as honras que seriam conferidas à esposa. Aproveitou o ensejo daquele ensaio arriscadíssimo para pôr em prática o seu plano maquiavélico. Quando, a certa altura, Dina voava para o trapézio do marido, este não deu o impulso adequado e a artista foi estatelar-se lá em baixo. Então, o patife desceu pela escada de corda e saiu por qualquer porta para pedir socorro, vindo a trair-se depois perante o afamado Marcos Dias, que mais uma vez venceu.

Sendo assim, tenho de levar o móbil do delito para um caso de despeito artístico, não andando longe da verdade.

© DANIEL FALCÃO