Autor

Nuno Quental

 

Data

13 de Agosto de 2000

 

Secção

Policiário [474]

 

Competição

Torneio 2000

Prova nº 5

 

Publicação

Público

 

 

Solução de:

AS QUATRO FACES DE UM ASSALTO

Nuno Quental

 

Chico: Chico é fortemente agredido, desmaiando de imediato, tal como relatado por Xano e confirmado pela polícia quando chega ao banco – o que, só por si, é um indício de que ele não deve ter ficado com o dinheiro. Mas a ideia é reforçada pelo falhanço de abater o agente Costa, combinado entre Chico e Xano e obviamente do desconhecimento da polícia. De facto, Xano refere-se a ele explicitamente e Chico dá-o a entender. Se este tivesse morto o agente, certamente que Xano não o denunciaria, já que não tinha motivos para desconfiar do colega. Também o facto de não se terem dirigido a casa de Chico, ao contrário do previsto (Xano revelou-o a M como parte do plano entre os dois), mostra que algo alheio ao conhecimento de ambos aconteceu – e os três concordam que aquele seria a sequência esperada dos acontecimentos.

Xano: Chico acusa Xano de o ter enganado, o que não é difícil de entender, de facto, vê a carrinha a aproximar-se e leva um soco; depois, Xano já lá não está, nem o dinheiro. Na verdade, Xano ficou tão perplexo como o seu colega. A operação do banco foi montada com o intuito de o incriminar, o que é reforçado pelo dinheiro encontrado em sua casa. Além disso, se Xano fosse culpado certamente que teria fugido para outro lugar e se manteria bem acordado (ao contrário do que a polícia verificou). Mais: quando Xano é confrontado com a descoberta de algum dinheiro mostra-se surpreendido e pensa ter sido enganado por M.

M: o nome de código não é apenas uma brincadeira! É revelador, tal como o texto sugere, de uma antiga “parceria” criminosa de sucesso. Logo, era pouco provável que fosse quebrada por algum dos dois, embora Xano pense ter sido atraiçoado por M (em parte por causa da pressão a que estava sujeito). Mas o depoimento de M confirma praticamente tudo o que Xano refere, o que revela a sua lealdade e a veracidade dos depoimentos. M deslocou-se realmente a casa do Chico porque confirma a existência de polícia lá destacada. Mas evidentemente que não se denunciaria a si mesma se o plano para matar Chico fosse verdade (não há dados paea dizer se é ou não).

Susy: por exclusão de partes, a espertalhona foi descoberta. Susy, alta responsável do banco (como é sugerido no texto), conseguiu desactivar o alarme, preparou a operação onde Costa é abatido e Xano incriminado. Só não sabia que Sandro era um polícia à paisana e que Neves estava ao corrente de tudo… mas não há crimes perfeitos! De qualquer forma, é verosímil o facto de não se encontrar na Baixa à espera do Costa, visto que a operação se atrasou bastante.

© DANIEL FALCÃO