Autor

O Formiga

 

Data

13 de Março de 1980

 

Secção

Mistério... Policiário [259]

 

Competição

Torneio “Detective Misterioso"

Problema nº 12

 

Publicação

Mundo de Aventuras [336]

 

 

Solução de:

FOGO DE VISTA

O Formiga

Observações do SETE

Seria um grande problema, como eu há muito não via, se… Pois é!... Se

Comecemos pela criada…

Não podia ter sido ela, porque: tem falta de tempo entre a entrada e o tiro, para matar de frente… Com aquela quase simultaneidade, se fosse ela a disparar, teria de ter atingido a vítima nas costas e a cápsula da bala estaria, na entrada, para a direita.

Dos três suspeitos, todos sabiam a hora de regresso da vítima e todos sabiam onde estava a chave para entrar e até saberiam – por aquelas conversas do escritório onde tudo se sabe… – onde estava a arma…

O crime foi premeditado e encenado… O roubo foi para mascarar, visto que a finalidade foi a de matar – e a hora foi escolhida por haver uma testemunha, a criada!

O criminoso vai muito antes, com a pistola que retira ao dono, tendo o cuidado de ainda deixar na arma as impressões digitais do dono da mesma… Se fosse o Joaquim Fernandes a matar (e como usou luvas) se quisesse deixar a sua arma, limparia as impressões digitais… Mas se fosse ele, não teria qualquer conveniência em lá deixar a arma, levá-la-ia.

Quem o fez, matou, deixou lá de propósito a arma, pois ela faz parte do cenário, que, com tempo montou, como já se disse… Foi «cedo para o trabalho»… arrombou o cofre, e retirou o dinheiro… abriu a janela e na tal metade que puxou para dentro e para a esquerda, com as luvas calçadas (sempre!...) deu um murro e partiu os vidros – razão por que vão aparecer onde estão… retira a cadeira do lugar e colocou-a em posição de quem se vai servir dela para fugir pela janela…

e aguarda…

nervos de aço, ouve a vítima a entrar e de dentro do gabinete, quando divisa o vulto, atira a matar… Porque não é esperado, tem tempo para apontar… a uma certa distância… razão por que o impacto não é violento e não atira com o corpo para trás e a cápsula da bala vai ficar à entrada, à esquerda de quem entra…

serviço feito, atira a arma para o chão (rindo surdo) e salta pela janela.

(Aqui é que está o busílis deste problema… Esta solução serve para dois… José Eduardo e João Manuel…)

(O primeiro, com a arma, atira as culpas para cima do Joaquim Fernandes, e, armando o cenário com a cadeira, atira-as, também, para cima do João Manuel… Este, porque tudo acontece como a criada explica, para saltar pela janela, teria, de facto, de se servir da cadeira… «Àquela distância» (e aqui é que o problema «mete água»…) porque não há distâncias marcadas, tanto «um alto» como «um baixo» podiam meter uma bala a meio da testa da vítima sem receio que ela saísse pelo coruto da cabeça… Se o autor tivesse marcado uma distância de relativa proximidade (2 a 3 metros, no máximo!...) teria de ser «um alto» a fazer o trabalhinho, porquanto, «um baixo», não o faria assim por duas razões: a) «um baixo», com a vítima próxima, tem tendência a disparar para o peito ou estômago… b) se o fizesse para a testa a bala teria saído pelo coruto da cabeça, devido ao ângulo ser muito mais aberto e, logo, a trajectória, com uma inclinação de baixo para cima, muito mais acentuada…)

© DANIEL FALCÃO