Autor

O Gráfico

 

Data

11 de Maio de 1978

 

Secção

Mistério... Policiário [165]

 

Competição

Torneio “Sete de Espadas"

Problema nº 9

 

Publicação

Mundo de Aventuras [241]

 

 

AMIGOS, AMIGOS…

O Gráfico

 

O detective João Valentim, acabara de gozar as suas férias. Vindo da Ilha da Madeira nos primeiros dias de Setembro, logo se preparou para resolver alguns «casos» que o seu substituto Viegas Matoso lhe apresentara.

Matoso: – Caríssimo amigo, na sua ausência aconteceu um caso muito mau, o qual, penso já ter resolvido… Mas como isto se passou a quinze de Agosto e já faltavam poucos dias para o seu regresso, resolvi aguardar a sua chegada a fim de se mandar prender o criminoso… Tenho tudo aqui arquivado.

O Detective João Valentim, pegou então no «dossier» que, na capa, dizia: «Casos Problemísticos de 1977», e pôs-se a ler…

a) Segunda-feira, o dia do crime…

b) Concluiu-se logo ter havido crime visto junto do morto nada se encontrar que pudesse motivar a sua morte…

c) A vítima foi encontrada por um seu amigo, cujo nome era Siul…

d) Jazia de barriga para o ar, com um buraco redondo e limpo a perfurar-lhe a fronte… O sangue era pouco…

e) Local do crime: a sua vivenda, onde desde há alguns anos vivia. Era solteiro, morava só…

f) O morto encontrava-se vestido com roupas velhas e com botas de borracha que lhe chegavam até ao joelho…

g) Segundo as primeiras declarações de Siul, inimigos não tinha!!! Tinha sim, três grandes amigos, e que ele era um deles…

h) Declarações do médico legista, indicavam que a morte ocorrera entre as 7 e 10 horas…

i) Foram interrogados os três amigos, cujos depoimentos (na íntegra), estão a seguir transcritos:

Siul: Eu e o Odrazilef, estávamos hoje de folga. Ontem tínhamos combinado, uma vez que dispúnhamos do dia livre, irmos hoje pescar. Temos um barco que comprámos a «meias»… A hora de partida estava marcada para as 8 horas. Bem, era suficiente partirmos às 9, mas eu disse às 8, porque ele costuma chegar sempre atrasado aos compromissos… Porém, desta vez já eram mesmo 9 horas e ele não aparecia!... Estranhei e resolvi vir a casa chamá-lo. Pensei que por certo, ele teria adormecido. Mas quando deparei com ele estendido no chão mal abri a porta, fiquei louco de raiva… Estava morto e pensei em assassínio: junto dele não se encontrava qualquer espécie de arma que indicasse o suicídio! Depois de me acalmar, telefonei à Polícia…

Leunam: actualmente estou desempregado. Não tenho a sorte de «apanhar» um emprego como o do Siul e o de Odrazilef. Eu era capaz de fazer tudo para conseguir um emprego como aquele… Trabalha-se cinco dias e descansam-se dois. E ainda por cima é de turnos. Foi pena ter acontecido isto ao Odrazilef, pois ele tinha uma bela vida o gozar. Ele era um grande amigo; tinha tanta confiança nos três, que até nos deu uma chave da sua vivenda a cada um de nós; assim, quando precisássemos de lá ir a casa, podíamos fazê-lo à vontade sem qualquer espécie de problemas. Hoje de manhã, levantei-me bastante cedo e encontrava-me no café do costume quando o Seugirdor e o Siul me foram dar a má notícia…

Seugirdor: Sempre fui amigo do Odrazilef. Estivemos uns tempos zangados, porque ele namoriscava a miúda que eu amava… Depois, isso passou e continuamos amigos como dantes, pois compreendi que a moça não gostava de mim. É de lamentar o sucedido, ainda ontem estivemos todos reunidos a conversar… olhe, está aqui a chave da casa dele, já não necessito dela… Infelizmente, estou há perto de 10 dias com «baixa»; ultimamente tenho andado adoentado. Mas como isto já vai passando, hoje de manhã levantei-me um pouco cedo pelo que estive regando umas batatas e uns tomates que há poucos dias o meu irmão semeou… Tomei o pequeno-almoço e entretanto chegou o correio. Sabe, é que namorisco uma miúda… Encontrava-me ainda a ler a carta, quando ouvi tocar à campainha. Era o Siul a dar-me a triste notícia e a convidar-me a vir aqui, para, tal como ele e o Leunam, que depois fomos chamar, prestarmos declarações…

Depois de ter lido tudo isto, o detective João Valentim começou a sorrir. Bebeu uma cerveja quase de uma só vez e olhou para Matoso…

Viegas Matoso:

– Então, não acha que o criminoso se incrimina infantilmente?

– Claro! – retorquiu ele. – Amigos em… Bem, pode dar conhecimento à Polícia…

 

PERGUNTA-SE:

1 – Quem foi o assassino?

2 – Diga porque o incrimina.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO