Autor

O Gráfico

 

Data

Outubro de 1983

 

Secção

Clube Xis [15]

 

Competição

Iº Campeonatos Regionais de Decifradores de Problemas Policiários e

IIº Campeonatos Distritais de Decifradores de Problemas Policiários

2ª Jornada

 

Publicação

Clube Xis

 

 

Solução de:

CRIME EM DIA DE ANIVERSÁRIO

O Gráfico

 

1) Sim.

2) Não nos restam dúvidas de que aquele indivíduo foi certamente o assassino. As razões para o efeito, surgem face às contradições existentes nos seus depoimentos, sobre a cena do crime. Vejamos:

a) Se o tipo acabara de chegar do seu treino semanal de atletismo, como se justifica apresentar-se de franja (!), cabelo normalmente penteado (!) e de “ténis” bonitos e impecáveis!?

Impossível!! – 1ª e 2ª contradição.

– Como o caso se deu pouco depois das nove horas e das sete às nove chovera, seria lógico que o sujeito se apresentasse com o cabelo molhado! Mesmo que tivesse tomado banho no campo, caso houvesse balneários – o que duvidamos porque o campo era muito antigo – nunca teria tempo para enxugar o cabelo visto fazer sempre duas horas de preparação, precisamente das sete às nove horas dado que o Seminário abre ao público às sete da manhã! Ora, pouco depois das nove, quando a chuva cessou, é que o insp. Rodriguinho e o eu ajudante saíram, logo e não há TEMPO suficiente para o indivíduo acabar as suas duas horas de preparação e estar ali, naquele local, a presenciar o crime, mesmo que tenha acabado de chegar naquela altura como afirmou, com o cabelo penteado e seco!

Quanto aos “ténis” impecáveis e bonitos, não tendo o campo do Seminário relva, então só pode ser de terra! Logo, com a chuva ininterrupta, o campo ter-se-ia que apresentar enlameado!! Nunca seria possível depois de duas horas num treino em campo lamacento ficar-se com uns “ténis” bonitos e impecáveis!!!

Note-se que o fato-de-treino poderia estar enxuto porque o indivíduo deveria ter-se treinado de calções e camisola como é usual.

b) Se o declarante afirma ter observado o assassino a espetar a faca tendo de seguida vê-lo fugindo com uma mala em cada mão, malas essas que pertenciam à vítima, é porque deixou a faca espetada no corpo do morto! Ora, se de seguida o inspector apenas vê no cadáver um enorme golpe e sangue que ainda não tinha coagulado, então onde se encontrava a arma do crime?!!

Não estava no corpo da vítima!!! – 3ª contradição.

– O sujeito do carro vermelho depois de esfaquear a vítima pegou na faca e atirou-a para dentro da escola, para lá do muro com três metros, perdendo-se a mesma no emaranhado de galhos das árvores frondosas que se situavam no interior da referida. Só assim se justifica, pois, quando Lumafero abordou o tipo este ainda não tinha entrado no seu carro.

c) Por baixo do carro do indivíduo, o piso encontrava-se seco, conforme Lumafero declarou quando apanhou a sua moedinha da sorte que rolara para lá!!!

contradição.

– Se na realidade o dono do carro tivesse chegado há pouco tempo e estacionado o mesmo, o piso debaixo do veículo ter-se-ia que apresentar molhado porque chovera das sete às nove horas da manhã!!! Se o terreno, naquele local, se encontrava enxuto é porque o carro já ali se encontrava estacionado desde que a chuva começou a cair e dali não saiu para lugar nenhum!!! Para se justificar esta afirmação temos o facto de não ter chovido durante a noite.

© DANIEL FALCÃO