Autor

O Gráfico

 

Data

17 de Maio de 1985

 

Secção

Detective [1]

 

Publicação

Jornal de Almada

 

 

HÁ SEMPRE UM PORMENOR…

O Gráfico

 

Estávamos numa reunião de amigos, num sábado primaveril e, conversa puxa conversa, veio à baila o policiário! Opinião daqui, comentário dali, crítica de acolá e o Navarro a teimar que «o crime» poderia ser perfeito! Ninguém concordou com ele e o tipo dispôs-se a demonstrar, na prática, que ero verídico aquilo que afirmava. Assim, no dia seguinte, agrupamo-nos na residência do Anselmo para assistirmos à prova.

A «vítima» seria o Andrade e o «assassino» o próprio Navarro. Este, multo autoritário, começou por dizer:

– Bem, eu serei um amigo do Andrade vou lá para fora e toco à campainha.

Assim fizeram. O «assassino» saiu e passados alguns minutos ouviu-se um pequeno toque na referida. O Andrade foi abrir a porta e deparou com o Navarro. Cumprimentaram-se e a porta fechou-se. O Navarro continuou:

– Como observam eu trago luvas. Em conversa com o Andrade convenço-o a abrir o cofre onde guarda o dinheiro e as jóias. Sou amigo dele, portanto, não vai hesitar nem tão pouco duvidar da minha honorabilidade.

A «vítima» simulou abrir o cofre.

– Agora – continuou o Navarro – puxo da arma, com um silenciador, por exemplo e disparo 2 ou 3 tiros no corpo do Andrade. Cai morto. Matei-o. Como vêem, até aqui nada de indícios que me possam incriminar. Não mexi em nada e tenho luvas.

– Ah, ah, ah! Isso é que era bom. Riu-se ironicamente o Emídio.

– Bem, Emídio, não comeces já no gozo. Logo comentas no final, ok?

Perguntou e aconselhou o Navarro que continuou:

– Guardo a arma no bolso pego nas ióias e saio da vivenda.

Saímos todos paro a rua na companhia do «assassino». Navarro tirou as luvas e guardou-as no bolso. Exclamou:

– Isto já não é preciso.

Continuou o andar mas, de repente, olhou paro trás e viu pegadas deixados por si. Hesitou… Olhou para o lado, viu uma vassoura feita de lenha, pegou nela e destruiu as pegadas. Atirou com a mesma para o lado e concluiu:

– E pronto, tudo terminado. Acabaram de presenciar «um crime» perfeito!!!

Silêncio total… Os meus amigos pareciam concordar com a demonstração. Então, fiz-me ouvir: – Impossível, meus amigos. O crime nunca é perfeito. Há sempre um pormenor incriminador que estraga os planos do assassino.

E expliquei.

 

PERGUNTA: – Qual o pormenor existente no imaginário crime do Navarro com o qual os investigadores descobririam o assassino?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO