Autor Data 20 de Dezembro de 1985 Secção Detective [8] Publicação Jornal de Almada |
A ÁRVORE DE NATAL O Gráfico Carla
Sofia é uma criança normal, como qualquer outra, na sua idade. Os seus tenros
onze anos, dando-lhe, porém, uma estatura forte e saudável, aparentando mais
idade, não deixam de revelar, evidentemente, que estamos na presença de uma
criança e, por conseguinte, a ambição deste ou daquele brinquedo é
absolutamente natural. Ora, quando chega a quadra natalícia os desejos
multiplicam-se, pois, o «Pai Natal» é sempre generoso! Como habitualmente, os
pais convidaram-na a escolher um brinquedo que ela desejasse possuir. A
carestia da vida não estava de feição para o casal, e Carla sabia-o, mas,
NATAL, é sempre NATAL! A miúda, surpreendentemente,
com os olhinhos a brilhar, disse em tom moderado e carinhoso que, este ano,
gostaria muito de ter uma bonita árvore de natal, com fantasias e muitas
luzinhas, que estava no supermercado onde se costumavam abastecer. Os pais, decidiram fazer-lhe a vontade. O
supermercado estava repleto de gente!... As pessoas, numa azáfama incrível,
escolhiam géneros alimentícios e prendas para oferecerem aos familiares e
amigos, festejando, assim, o nascimento de Cristo. A Carla e os seus pais já
tinham adquirido o pinheirinho que ela tanto desejava que, por sinal, era o
último que lá se encontrava. A miúda segurava a pequena árvore verde, muito
carinhosamente, quando, repentinamente, após distracção
dos pais, começou a chorar convulsivamente!... Atónitos, Zé e Margarida,
rapidamente compreenderam a causa do choro… A árvore de natal desaparecera.
Entretanto, um sujeito baixinho e idoso, que se fazia acompanhar por um outro
mais jovem, aproximou-se da garota e perguntou o que lhe acontecera.
Imaginem… era o inspector Rodriguinho e o seu
ajudante, Lumafero, que andavam nas suas compras de
Natal! Ao corrente do que sucedera – Sofia afirmara que um homem de óculos
escuros lhe tirara a árvore – Lumafero tentou
descobrir o sujeito, enquanto o inspector, a miúda
e os pais aguardavam naquele lugar. Parecendo-lhe distinguir, na bicha de
pagamentos, um indivíduo que transportava uma árvore idêntica, o ajudante
abordou-o e convidou-o a acompanhá-lo. O homem, indignado, acabou por obedecer,
após Lumafero lhe ter mostrado o distintivo da P.
J.! Quando, porém, chegaram junto da miúda, o sujeito, pronunciou: «– Ah, desculpem-me, mas não fui eu que tirei a árvore à
pequena! Esta, que levo comigo, obtive-a lá no fundo e, por acaso, até era a
última que lá havia. Portanto, com licença, vou-me embora…» –
Um momento! – ordenou Lumafero
– o senhor vai-se embora, mas, primeiro, devolve essa árvore à criança, pois
foi exactamente você que a tirou das suas mãos?... O
indivíduo, não lhe restando alternativa, e pedindo desculpas à garota,
entregou-lhe o pinheirinho, ausentando-se de seguida. E
tudo ficou resolvido. A Carla ia ter, em sua casa, a árvore de natal
iluminada! Com votos de Feliz Natal o inspector e o
ajudante despediram-se da pequena e do casal.
Agora,
chegou a vez dos nossos caros «Detectives» porem a
«massa cinzenta» a raciocinar para nos explicarem, por escrito, COMO
DESCOBRIU «LUMAFERO» QUE DE FACTO FORA AQUELE SUJEITO QUEM SURRIPIARA A
ARVORE DA CRIANÇA? |
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© DANIEL FALCÃO |
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