Autor

O Gráfico

 

Data

12 de Dezembro de 1993

 

Secção

Policiário [128]

 

Competição

Supertorneio Policiário 1993

Prova nº 10

 

Publicação

Público

 

 

Solução de:

DETECTIVE, MENTIROSO E… CRIMINOSO!

O Gráfico

 

O título do problema ajuda à partida na decifração do caso, bastando aos mais atentos seguir a narração e descortinar os pormenores espalhados na prosa. Quanto ao facto de o autor ser “detective”, temos o seguinte:

a) O jovem acusado é evidentemente o culpado do roubo dos cinco mil escudos, porque mentiu nas suas declarações. O jovem disse que tinha estacionado o seu carro ao chegar ao trabalho, no “snack” ali próximo, e acrescentou que tinha pegado ao serviço de manhã para sair apenas àquela hora da tarde, momento em que voltou a pegar no veículo estacionado. Isto é impossível porque, por baixo do seu carro, o terreno se encontrava molhado e, como o carro estava num terreno plano – conforme é referido no texto –, no espaço de uma hora seria impossível o chuvisco (“borriçar” ou “borraçar” significa chuviscar) molhar o solo que era ocupado pelo seu veículo, uma vez que o roubo sucedeu perto das 19h00 e apenas começou a chuviscar próximo das 18h00. Portanto, o jovem estava a mentir e, ou nem sequer trabalhava naquele lugar, ou então tinha saído mais cedo. O que é certo é que estacionara o carro naquele lugar apenas alguns momentos antes de o assalto se ter praticado. Ora, se mentiu é porque foi o culpado e a velha tinha razão ao afirmar ser ele o ladrão dos cinco contos.

b) Explicada a função do detective, passemos à do “criminoso”.

Que teria acontecido, qual a minha falha, se eu tinha sido minucioso ao ponto de limpar tudo? No facto de limpar é que está o busílis… É que, se a máquina tipográfica não trabalhava há uns quatro meses, certamente que estaria repleta de pó! Portanto, o meu erro foi ter limpo tudo, pois o meu patrão, no dia seguinte, ao verificar que aquela máquina estava limpinha, deduziu logo que trabalhara na véspera e, como fora eu que lá ficara fora-de-horas, apenas poderia ser eu o “responsável” por aquela limpeza! Daí até deduzir-se que ela trabalhara foi apenas um pequeno passo.

c) Só falta explicar onde eu fui mentiroso, no texto. 1º) Se apenas tinha aulas teóricas de condução às segundas, quartas e quintas-feiras, então nunca poderia ter aulas no dia 8 de Setembro, porque este dia calhou a uma terça-feira! Claro que nos estamos a referir ao ano de 1992, sem qualquer dúvida, porque no início da narração afirmamos que estamos em vésperas do 18º Convívio de Almada e todos sabemos que este Encontro aconteceu em Maio de 1993. 2º) Um outro pormenor relaciona-se com o facto de eu afirmar que pegara na minha colega e no meu Fiat Uno e que tínhamos ido jantar ao Laranjeira para comemorar. Esta, julgo que não escapou a ninguém, pois, se andávamos a obter a carta de condução, como poderíamos já andar a conduzir?

© DANIEL FALCÃO