Autor

Pal

 

Data

19 de Janeiro de 1996

 

Secção

O Detective - Zona A-Team [257]

 

Competição

Torneio dos Convívios

Problema nº 12 | Convívio de Algés

 

Publicação

Jornal de Almada

 

 

O ROUBO NA “CASA DA CULTURA”

Pal

 

PARTE 1

O benemérito que a doou à Vila chamou-lhe «Casa da Cultura», mas os seus conterrâneos preferiam chamar-lhe o “Museu”. E era assim que todos a conheciam, embora ostentasse na frontaria o seu verdadeiro nome. Fora fundada por aquele Benemérito, nascido e criado na Vila, homem de muitos haveres e bom coração. Fazia grandes viagens pelo mundo e de todos os países que visitava, trazia na bagagem recordações desses mesmos países, miniaturas muito valiosas algumas e outras, menos. Peças de ouro, de prata, de madeiras exóticas incrustadas de pedras preciosas, de mármore, porcelana, etc. e como achava que todos as deviam conhecer e admirar, daí lhe veio a ideia da «Casa da Cultura». Esta era formada por três salas de exposição, um átrio com uma secretária, dois W.C., um cubículo para guardar os utensílios de limpeza e um pequeno vestiário. Não havia janelas, nem sótão nem saídas das traseiras. Como pessoal do Museu tinham o Conservador, um assistente que acompanhava e esclarecia os visitantes e um empregado da limpeza.

Na primeira sala fora colocada uma estátua, réplica que trouxera da Grécia, em tamanho natural, da «Vitória da Samotrácia» erigida em 305 a.C. em memória de uma vitória naval de Demétrio Poliorcetes e claro, algumas vitrinas com as preciosas miniaturas. Na outra sala colocara um sarcófago que mandara vir do Egipto, que comprara por um bom preço e como já não tinha a múmia, que se deteriorara, não servia para expor. Havia também na sala umas tantas vitrinas com mais miniaturas.

E por fim na terceira sala, e em tamanho natural, uma estátua de “Confúcio” (Kung-Fu-Tseu) o mais célebre filósofo chinês e que mandou vir da China e também, como nas outras salas, mais vitrinas com mais miniaturas.

Na secretária à entrada, havia os bilhetes de ingresso, de baixo custo, apenas para ajudar a manutenção do Museu, um livro que era assinado à entrada, por cada visitante e uma caixa onde à saída cada um deitava o bilhete usado. Tudo isto era controlado pelo Conservador, que não gostava de papéis no chão!

Já há algum tempo que se verificavam, na Vila e nas redondezas vários roubos e a polícia ainda não conseguira apanhar o ladrão. Por isso mesmo o Conservador andava preocupado e o Museu não estava livre de ser roubado e isso seria uma enorme perda para aquela terra de gente ordeira e feliz, e com bastante orgulho no seu Museu. Não havia muitos visitantes e ele vigiava tudo atentamente. Naquele dia, como era hábito, depois de tocar a campainha, quinze minutos antes do Museu fechar (abria às 10 e fechava às 19 horas) e depois de todos os visitantes terem saído, o Conservador contou as assinaturas e os bilhetes usados e verificou que faltava um bilhete. Pensou que algum visitante distraído não tivesse ouvido a campainha e se encontrasse em alguma das salas ou no W.C. e foi procurar. Não havia ninguém nas salas, nem nos W.C. e tampouco no vestiário – foi até espreitar ao cubículo das limpezas – nada! Paciência, pensou, alguém que se esqueceu de deitar fora o bilhete, pois no chão também não estava. Saiu, fechou a porta bem trancada e a grade de defesa com o enorme cadeado, para maior segurança.

8 horas da manhã. Toca o telefone em casa do Conservador. Era o empregado de limpeza que começava o seu trabalho àquela hora. Estava apavorado, não dizia coisa com coisa, metia os pés pelas mãos, e de tal maneira não se fazia entender, que o Conservador achou melhor dizer-lhe que não saísse dali e que ele ia já para o Museu.

Quando chegou constatou duas coisas importantes: Haviam sido roubadas vinte e cinco das peças expostas nas vitrinas e o único sítio possível de se entrar era a porta que não tinha nem o mais pequeno sinal de arrombamento!!

Possuidores de chaves só o Conservador e esse empregado da limpeza, ambos pessoas honestíssimas e de toda a confiança.

A polícia foi alertada e como já andava na pista do autor dos roubos que por ali havia, intensificou as suas buscas e em pouco tempo foi apanhá-lo numa cidade próxima a tentar vender algumas das peças roubadas do Museu.

E agora, diga-nos: como agiu o gatuno e como saiu da «Casa da Cultura» com as miniaturas roubadas?

PARTE 2

Vão ser agora indicadas, por diversas características, as peças que foram roubadas e para maior facilidade na resposta, elas serão numeradas. O que se pretende é que nos digam de que PAÍS o Benemérito da Vila as trouxe. É claro que em qualquer lado se podem comprar algumas, até cá, mas estas são todas dos países que representam e alguns de grande valor material:

1 – Estatueta do Deus Guanesh, Deus com cabeça de elefante.

2 – Esfinge de Gizé, esculpida em plenarocha, medindo no original 17m. de altura e 39 m. de comprimento.

3 – Vénus de mármore, sem braços.

4 – Colecção de moedas de vários valores, sendo uma de 20 TAMBALA.

5 – Uma torre redonda que se encontra inclinada.

6 – Pente de grandes dentes, feito de tartaruga que as senhoras colocam na cabeça para segurar as mantilhas.

7 – A Giralda, torre quadrada, com 94m. de altura, no original, erigida entre 1184 e 1196.

8 – O pagode em Long-Chan, de cerca do ano 525.

9 – Arco do Triunfo de L’Étoile, inaugurado em 1836. Tem inscritos os nomes de 386 generais da República e do Império.

10 – Torre da Autoria do Engº Gustave Eiffel, edificada por ocasião da Exposição Universal de 1889, no Campo de Marte.

11 – Estátua do Almirante Horatio Nelson que se encontra em Trafalgar Square.

12 – Gaiteiro com saia de xadrez e gaita de foles.

13 – Torre de Belém, também chamada Torre de S. Vicente, que é um dos mais belos espécimes arquitectónicos do Século XVI.

14 – Um amuleto da Felicidade feito de Jade.

15 – Uma colecção de selos dos quais se destaca um de 1973 de homenagem a Paavo Johannos Nurni (1897-1973), detentor de 24 recordes do Mundo – SUOMI.

16 – Um copo de pé alto, do cristal de Baccarat.

17 – Torre dos Clérigos, com 70m, de altura, no original, construída polo arquitecto italiano Nazzóni.

18 – Mais uma colecção de selos, esta de apenas 1 selo de 1960/1970 – Sports – com texto em árabe – de 100 M – com a indicação de UAR – Comemorativo dos Jogos Olímpicos de Roma.

19 – Outra colecção de selos – 1961 – Todos com flores – Todas as franquias de forint – MAGYAR POSTA.

20 – E ainda outra colecção de selos, com destaque para o retrato do compositor Joseph Haydn e da casa onde nasceu, em Rohrau – S – 3 – REPUBLIC ÕSTERREICH.

21 – A Sereiazinha, obra de Eriksen, estátua no porto de Copenhague.

22 – Estatueta de Biscuit, obra de porcelana cozida, que imita na cor e aspecto, o mármore branco de Sèvres.

23 – Leão de Bronze, de Susa, séculos VI e V a.C.

24 – O templo das mil colunas em Chichen Itzá.

25 – O magnífico pavilhão de ouro, em Quioto, que foi outrora a mansão de Shogun.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO