Autor Data 21 de Julho de 2013 Secção Policiário [1146] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2013 Prova nº 5 (Parte I) Publicação Público |
Solução de: A ODISSEIA DE ÁLVARO DOMINGUES Paulo A primeira fase da
solução consiste em situar no tempo a suposta travessia de África. Para se
conseguir essa localização temporal é necessário ter em conta o diálogo entre
os dois personagens do texto. A época do ano em
que decorre o diálogo é o chamado "Domingo de Carnaval" ou
"Domingo Gordo" do ano de 1970. Como se pode
chegar a essa conclusão? Considerando: a) A referência às
brincadeiras de Carnaval e ao facto de ser Domingo. b) A indicação de
um mês de Maio muito agitado, em Paris, dois anos antes. Trata-se de uma
alusão óbvia ao movimento que ficou conhecido como Maio de 68. c) A referência ao
incidente ocorrido na universidade de Coimbra, no ano anterior e que sucedeu
em 17 de Abril de1969. O passo seguinte
consiste em localizar o ano em que presumivelmente foi escrita a carta. 100 anos antes. Estamos então em 1870. Falta referenciar
quais os aspetos existentes no texto da carta que levam à conclusão que esta
não poderia ter sido escrita nessa data, mas muitos anos mais tarde, sendo
portanto um documento forjado. 1º A menção a
Fátima. O culto religioso
no local surgiu apenas depois de 1917. Impossível portanto de ser
referenciado numa carta escrita em 1870. 2º A alusão à
observação dos sete planetas. À data em que se
pretende ter sido escrita a missiva, eram conhecidos sete planetas. Mercúrio,
Vénus, Marte, Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno, tendo este último sido
localizado em 1846. Até aqui nada de estranho. A questão põe-se no facto de
Neptuno não ser observável a olho nu. Úrano embora no limite da possibilidade
de observação sem aparelhos óticos, pode considerar-se que poderia ser
observado a olho nu, dado que não se sabe se o presumível autor da carta
teria ou não problemas de visão. Como o explorador
ficou apenas com uma arma, a roupa e um caderno, não teria qualquer luneta ou
telescópio que lhe permitisse observar Neptuno. Portanto, quem
escreveu a carta não poderia ter feito o que está descrito. 3º Na carta há uma
palavra que à data não existia. Trata-se da palavra boicote. Esta palavra
teve origem no nome do irlandês Boycott e foi
introduzida na linguagem falada e escrita ao longo do século XX, mais
propriamente durante o conflito italo-abexim
(1935-36). Trata-se de mais
um impedimento para que o texto tivesse sido escrito em 1870. Pode-se então
concluir que o documento é falso, tendo sido escrito alguns anos após 1870. Quanto ao facto de
os planetas serem ou não serem visíveis no hemisfério Sul durante o período
da viagem, Eugénio, nos extratos da carta que copiou, não fornece elementos
suficientes para o sabermos. Apenas poderíamos localizar a viagem entre 1860
e 1870, dado que a única informação fornecida aponta para a partida de
Portugal em 1860, o que não chega para analisar a situação nessa perspetiva. Para finalizar
quero indicar qual foi a bibliografia que consultei para escrever resolver o
problema. Obviamente que existem muito mais locais onde as respostas poderão
ser consultadas, mas as fontes que eu utilizei foram estas. Não é necessário
consultá-las todas para se responder corretamente ao problema, bastando uma
ou duas. A variedade serviu apenas para confirmação das informações: – História de
Portugal, direção de José Matoso, do Círculo de Leitores; – História de
Portugal em Datas, coordenação de António Simões Rodrigues, de Temas e
Debates; – Dicionário
Enciclopédico Koogan Larousse Selecções,
de Selecções do Reader's Digest; – Enciclopédia
Luso-Brasileira de Cultura, da Verbo; – Guia Prático de
Astronomia, de Jean Lacroux e Denis Berthier, da Gradiva; – Diciopédia 2000,
da Porto Editora; – Enciclopédia
Universal Multimédia, da Texto Editora. Em
alternativa, basta apenas uma boa enciclopédia e alguma cultura geral. |
© DANIEL FALCÃO |
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